segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Comunidade

Texto&Fotos:
Fabio da Silva Barbosa
Luiz Henrique Peixoto Caldas

COMUNIDADE ALARICO DE SOUZA (ZULU)

Comunidade pede socorro-1º parte


Ricardo (Presidente da Associção), Lucio flavio (Professor da escolinha de futebol) Luiz Fernando (Diretor de espotes)

Moradores do Zulu, conhecido oficialmente como Comunidade Alarico de Souza, passam por inúmeras dificuldades, como por exemplo, a falta de atendimento médico. Pessoas em condições de saúde precária têm de enfrentar uma caminhada de aproximadamente 1h na tentativa conseguir atendimento no posto da Comunidade do Vital Brasil. Segundo o Presidente da associação, José Ricardo de Oliveira Montera, já houve casos como o do morador José Carlos que, quase veio a falecer devido a distúrbios na pressão. “ Tem comunidades próximas com dois módulos do Médico de Família. Por que não podemos ter um? ”
Embora exista o gari comunitário, não há um número suficiente de trabalhadores para manter o lugar limpo. Já se pode observar acúmulo de lixo em uma área acima do coqueirinho, formando um pequeno lixão, onde moradores tomaram a iniciativa com enxadas de abrir uma estrada de chão, para a passagem do caminhão pipa. Exatamente ali acaba o asfalto e a luz, desmotivando donos de empresas de ônibus a colocar transporte coletivo no lugar. O presidente nos informou ainda que uma linha de ônibus não traria benefícios apenas aos dez mil moradores de sua comunidade, pois dali se tem caminho para Ititióca e Atalaia.
Mesmo com o serviço de moto táxi e a linha de transporte coletivo Alarico – Dr. Sardinha que em muito os auxilia, os usuários tem dificuldade de chegar em casa após o horário de funcionamento dos transportes já existentes e de ir a outros lugares mais distantes, como o centro da cidade, tendo assim duas despesas, uma para descer e outra para pegar o ônibus na rua principal.
O único projeto em prática atualmente no lugar é o Nil (Núcleo de Integração e Laser), contando com a ajuda de Luiz Fernando Ferreira e Lúcio Flávio Cabral da Silva, ambos moradores e professores da escolinha de futebol que atende a 150 crianças entre meninos e meninas. As aulas acontecem em uma quadra que está correndo risco de desabar. Lúcio Flávio nos contou que uma parte da quadra já caiu na casa de uma moradora. Um mutirão teve de ser organizado para tirar a terra de dentro da casa. O projeto acontece diariamente a partir das 19 hs . Por sinal Mamona ( Lúcio Flávio ) bota pra quebrar com a criançada.

campinho

O campo, onde acontecem várias atividades, como o campeonato, que em 2006 teve o time local, União do Zulu, como vencedor e o futebol dos veteranos, não se encontra em situação melhor. Assim como na quadra, falta estrutura para os eventos. Falta iluminação, alambrado, vestuário, manutenção na tela de segurança, impedindo que a bola role morro abaixo e uma sala para guardar o material esportivo.
Dentro da Alarico existe uma população, conhecida como Comunidade da Santa, em que a água ainda não chegou. Crianças de 5 anos em diante são vistas pegando água no poço para abastecer suas casas. Alguns tem de caminhar até duzentos metros carregando as latas d’água. O Presidente afirma que a companhia Águas de Niterói já esteve no lugar fazendo vistoria e tirando metragem do terreno. Pelo que lhe foi passado o projeto está pronto há muito tempo, mas até agora nada foi feito para reverter essa situação.

Poço (ao lado do campo)

Não ter sede é outro problema que a Associação tem de driblar. Luiz Fernando contou com tristeza que teve de abrir mão de 300 livros que lhes seriam doados por não ter onde guarda-los. As reuniões e encontros são feitos na creche.
A creche atende crianças de 2 a 6 anos e funciona de 8h às 17h, com direito a café da manhã, almoço, lanche e jantar. Uma das poucas conquistas da comunidade, permite que os alunos saiam prontos para alfabetização.
Em meio a tanta carência o presidente se permite sonhar com o dia em que fará um segundo andar, construindo um berçário para atender as mães que precisam trabalhar e não tem onde deixar seus filhos com menos de dois anos. Um Tele Centro é outro objetivo que ele gostaria de concretizar.

creche

Aproveitando a oportunidade José Ricardo agradece a Comte Bittencourt por ter sido um dos únicos a colaborar com a comunidade em todos esses anos de luta.

Personalidade: Ademir Rosa

Ademir de casaco verde e muletas
Ademir Rosa é uma daquelas figuras raras, personagem querido por todos. Fundador do time SOS Futebol Clube, que cresceu até se transformar no time que hoje carrega o nome do lugar. Foi responsável pela organização de festas na comunidade e junto com sua amiga desenhista Luana de 20 anos, decorou o muro vizinho do campinho para os jogos Pan-americanos que ocorreu no Rio de Janeiro este ano.
Há seis meses esperando na fila do SUS pela operação do fêmur, que mesmo fraturado, o carrega pelos caminhos da comunidade que conhece tão bem, Ademir recorda quando fundou o SOS Bloco Carnavalesco e quando ajudou a fundar o ponto de encontro onde hoje é a pracinha.
Músico nato, já tocou em diversos conjuntos e conheceu personalidades como Biafra e Paulinho do Kid Abelha. Lembrou com saudade do grupo Brilho do Sol e Colégio Brasil (atuou em ambos).
Ademir ainda tem instrumentos guardados em casa e faz projetos para o futuro. Tocar muita MPB e assistir ao dia em que o lugar que o viu nascer receba alguma atenção das autoridades competentes. Assim que conseguir se operar.