terça-feira, 7 de outubro de 2008

Bate papo com Paulo, o Diretor Social da Viradouro

Por: Fabio da Silva Barbosa
& Luiz Henrique Peixoto Caldas
(Anexo da matéria postada ontem, neste blog, sobre a Viradouro)


COMUNIDADE: Você atuou ativamente como Presidente da associação e atualmente continua colaborando com a atual administração. Observamos que alguns moradores já falam em apoiar sua próxima candidatura. De onde vem tanto engajamento?

Paulo: Não sei se vou voltar a concorrer à presidência. Isso aí é o pessoal que já está me elegendo antes do tempo. Quanto a minha participação na luta social... Isso é algo que sempre gostei. Trabalhei em um setor da Prefeitura de Niterói que considero o mais importante, que é o de movimentos comunitários. Ainda participo desse movimento. Sou o Segundo Secretário da Federação das Associações de Moradores de Niterói (FANIT) e faço parte da Federação das Associações de Moradores do Estado do Rio de Janeiro (FANERJ). Atuo também no Conselho de saúde de Niterói e do CONTROCOPERJ que cuida do Complexo Petroquímico de Itaboraí. Procuro participar de tudo que está acontecendo. Me dou bem com todas as lideranças comunitárias da cidade e posso dizer que conheço noventa e nove por cento das comunidades. O que me ajudou muito nesse conhecimento foi ter trabalhado na Defesa Civil de Integração Comunitária. Nessa época tinha que ir a vários lugares conversar com suas lideranças a fim de relatar seus problemas.

COMUNIDADE: E isso facilitou seu trabalho dentro da Viradouro?

Paulo: Me possibilitou ter mais conhecimento de como agir. As vezes devido a certas questões burocráticas que infelizmente existem, não conseguimos fazer certas coisas. A maioria das obras são feitas através de mutirões, que embora seja um processo um tanto desgastante, porque muitas vezes o cara chega cansado do trabalho e tem uma obra para encarar pela frente, tem o seu lado positivo. È uma forma de agregar o jovem na luta por melhorias e fazer com que valorize o trabalho executado.

COMUNIDADE: Você falou em agregar o jovem na luta. A que se deve essa apatia de grande parte da juventude atual?

Paulo: O jovem hoje em dia está muito apático. Você muitas vezes vê um grupo de jovens na esquina a noite e pensa logo “Lá está um bando de preguiçosos.”, mas não é isso. O que acontece é a falta de perspectiva. Às vezes eles nem estão fazendo nada de errado. Estão só rindo, caçoando um do outro, só que poderiam estar utilizando melhor o seu tempo. Mas isso cabe a nós, os mais velhos, ensinar. Muitos adultos não estão querendo saber de nada também. Não estão fazendo a parte que lhes cabe. A pessoa tem que parar para conversar com eles. Tem de ensinar, passar sua experiência. Se não, como vão saber? É nossa obrigação ajudar. Esses jovens já são recriminados em muitos lugares. Se entrar em um estabelecimento, o cara já fica logo de olho pensando que vão roubar. Vocês sabem como é isso. O ser humano está com uma cabeça muito esquisita. Tem coisas que não dá para entender. Estão faltando cursos profissionalizantes dentro das comunidades. Está faltando aproximação das pessoas. Em Caxias, por exemplo, tem os dutos que são uma mina de ouro. Tem aquela pedra bonita ali para enfeitar. Mas o que você vê em volta? Miséria Pura. É muita discrepância. Mas como vou arrumar um emprego para o cara na Petrobras se ele não sabe fazer nada que a empresa precisa? Essa é a importância desses cursos. Criar oportunidades, acabando com a falta de perspectiva.

COMUNIDADE: O que você acha de eventos como o dos jovens do Morro da Providencia?

Paulo: Pois é... Isso é um exemplo das coisas que não dão para entender. Um cara conseguiu prejudicar toda uma comunidade. Ele não podia ter feito isso. Ainda mais com a farda do Exército Brasileiro. Isso mina a confiança. Quando as pessoas vêem que o poder público está trabalhando corretamente elas apóiam.

COMUNIDADE: Como atuante no movimento comunitário, você faria uma avaliação positiva da união entre as lideranças comunitárias?
Paulo: Falta união. Cada um ta vendo só o seu lado. Fazemos reuniões na FANIT e são poucos que aparecem. Nós temos valor. Só que atualmente esse valor tem sido reconhecido apenas pelo morador. Quando começamos a ir para dentro e exigir nossos direitos o pessoal de fora chama logo no canto e oferece favores. Só que isso é coisa antiga. Isso se fazia lá trás. Hoje existe uma consciência, muitas lideranças estão mais politizadas. Mas ainda existem os que ainda pensam da maneira antiga. São poucos, mas tem. E isso às vezes atrapalha apagarmos essa imagem. Mas também como eu posso dizer para o cara não aceitar certas coisas se ele não tem o que comer dentro de casa. É o tal negócio... Falta a união. É muito fácil culpar os outros, mas ninguém chega junto para ajudar. Ninguém faz mais reunião para ficar agredindo a Prefeitura. Isso é coisa antiga. Agente quer trabalhar junto. Pressionar para acontecer. Quem fica só criticando é político para ganhar voto. Você tem de ver uma seção da câmara. Que nojeira. É cada um criticando mais que o outro para puxar a sardinha para sua brasa.

COMUNIDADE: E como a pessoa faz para participar da Federação? A FANIT tem algum tipo de cadastro?
Paulo: Não. Não tem burocracia. A pessoa sendo moradora de comunidade pode nos procurar. Todo segundo sábado de cada mês acontece a reunião de representantes de comunidade, onde qualquer morador pode participar. A Federação é um parceiro do órgão público e da comunidade. Uma coisa que quase ninguém faz é mandar cópias dos ofícios para a gente. Se ele requisitou alguma obra à prefeitura, é bom deixar uma cópia lá. Vai ser um instrumento a mais para reivindicar. Muitos líderes por trabalhar junto com vereadores, acham que não precisam da FANIT, mas a coisa não funciona assim. Até porque o vereador não tem de fazer obra. Ele está lá para legislar. Ele é mais um parceiro na luta.
COMUNIDADE: E qual o endereço para quem quiser conhecer a FANIT?
Paulo: Amaral Peixoto, 169, térreo. O telefone é 27178201