quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Pausa de final de ano

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VAMOS DAR UMA PAUSA PARA NOS ORGANIZAR E TENTAR SUPERAR AS ATUAIS DIFICULDADES DE TRABALHO. PRETENDEMOS ESTAR DE VOLTA NO INÍCIO DE JANEIRO COM MAIS INFORMAÇÕES DIÁRIAS SOBRE AS COMUNIDADES.
FORTE ABRAÇO E ATÉ BREVE
FSB&LHPC
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Presidente da Associação de Moradores da Travessa Iara bota a boca no trombone.

Por: Fabio da Silva Barbosa
e Luiz Henrique Peixoto Caldas

A Comunidade Iara, em Santa Rosa, possui muitas particularidades, a começar pelo seu nome. Embora muitas pessoas conheçam o lugar por essa denominação que veio de sua antiga nomenclatura (Travessa Iara), a localidade foi rebatizada a cerca de dez anos com o nome Quintino José Ferreira, como se chamava um antigo morador. Edson José Ferreira, 52, Presidente da Associação de moradores local afirma que muitos nem sabem sobre a mudança e que todos ainda conhecem o lugar por Iara. Outra particularidade apontada por Edson é a localização da comunidade, que mesmo os correios considerando ser parte do bairro de Santa Rosa, muitos acreditam que o lugar faz parte do Cubango. "Mas aqui é Santa Rosa. O livro de CEP do correio é quem diz a verdade. É o registro." Informa o Presidente.
Não existem projetos sociais no local. O Presidente tem alguns projetos, mas ainda não houve incentivo de nenhuma entidade ou órgão do governo para por em prática. Embora tenha água na comunidade, à rede é muito antiga e deveria ser reavaliada, assim como a pavimentação que já apresenta desgaste em vários pontos por ter sido feita a muitos anos. Uma questão levantada relativa à água é que algumas pessoas alegam que certos moradores de comunidade não pagam água. "Mas isso é responsabilidade dos órgãos competentes. Eles têm de resolver. O problema que estou apresentando é um, eles ao invés de resolver me apresentam outro." Reclama Edson. A rede de esgoto também precisa ser revista. Entupimentos acontecem com freqüência. A comunidade conta com cerca de aproximadamente 340 casas e mais de mil moradores.
Uma das obras pedidas é no parapeito de uma das vias de acesso a comunidade, que está em estado precário e deveria manter a segurança dos moradores contra possíves acidentes. Galões de lixo foram solicitados, mas segundo nos informou o Presidente, a CLIM alegou estarem em falta.

Solta o verbo Presidente


O presidente é outra particularidade. Dono de uma opinião forte segundo ele próprio, tido por muitos como um tanto radical, Edinho, como é conhecido pela redondeza, nos recebeu em sua casa para esclarecedor e animado bate papo.
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COMUNIDADE: Você nos disse que sua administração termina no início de 2009. Você acredita que conseguiu atingir seus objetivos?

EDINHO: Não. Quando entrei na associação eu queria trabalhar de uma forma tida por muitos como arcaica, mas acredito que é a forma mais correta de trabalhar. Essa forma é a de ir à prefeitura e apresentar as deficiências da comunidade. Esses pedidos deveriam então ser atendidos com o prazo devido. Dependendo da situação apresentada. Só que o que acontece não é isso. Se você chegar lá e não tiver um cara que indicou ou uma força política, nada acontece. Só que isso é obrigação do poder público garantir o bem estar da população. Suprir essas necessidades, independente de estar colado com cicrano ou beltrano. È de desanimar. Mas eu não desanimo. Bato em uma porta, bato em outra, fazendo sempre meus ofícios.

COMUNIDADE: Os políticos, então, não têm cumprido com seu papel na sociedade?
EDINHO: Em político eu não acredito mais. Você só vê político se vangloriando de estar fazendo isso ou aquilo em lugar que tem voto. E ele não está fazendo mais que sua obrigação, já que o dinheiro dessas obras vem do próprio contribuinte. Agora, isso é obrigação da Prefeitura. Não é o Vereador que tem de estar fazendo isso. A função do Vereador é legislar e fiscalizar. Mas estar de frente nessas obras traz votos. Os valores nesse país estão se invertendo. Eu fico até com medo por observar que isso é um comportamento a nível internacional. Os corruptos estão sempre numa boa. Aí se descobre um furo e faz um alarde, mas depois acaba e fica tudo nisso mesmo. O cara continua numa boa. Só se vê obra eleitoreira. Se der menos de três mil votos não se faz obra. Deixam à comunidade abandonada. A verdade é essa cara. Isso pode ser observado até nos sindicatos. Isso dificulta trabalhar em uma associação e conseguir melhorias para a comunidade. Sou aposentado do Ministério da Saúde. A maioria dos caras que entram em uma associação daqui a pouco vem como vereador e tal... Eu não quero nada disso. Não preciso. Graças a Deus.
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COMUNIDADE: E por que isso está acontecendo?
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EDINHO: Eu sou até um pouco radical. Antigamente chegavam cadernos para o colégio público, hoje essas escolas estão abandonadas. Só o que existe agora é interesse político. O que está dando para entender é que ninguém pensa em melhorar mais nada. O principal para um povo é educação. Esse é o alicerce. É a mola mestra. Tudo que está acontecendo hoje é por falta de educação e oportunidade de trabalho. Tem de dar ocupação para crianças e jovens. Na minha época entrava 7:00 h da manhã e saía 17:30 do Colégio Henrique Laje. Isso quando não tinha ensaio da banda. Aí, quem era da banda, saía as 19:00h. Esse é o único jeito. Instruir esse povo. Se não essa criançada que está aí agora, serão os novos marginais de amanhã. Serão todos recrutados pelo tráfico. Infelizmente. Não vai ter outro jeito. Já escutei muitos relatos tristes de pessoas que tinham uma profissão, mas não conseguiam um salário digno no mercado de trabalho. Antigamente no hospital onde trabalhei tinha de tudo. Se a pessoa precisasse de caneta tinha. Hoje não leva sua caneta para trabalhar só para ver se tem como escrever. Antigamente se tinha Bucomaxilo, Nefrologista... Hoje está difícil encontrar certas especialidades na saúde pública. Ta tudo acabando. Eu to até com medo dessa situação.

COMUNIDADE: Medo?
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EDINHO: Não é brincadeira não... Se a coisa continuar desse jeito amigo... vai dar problema. Mas eles fazem isso com o povo achando que não sobra para eles. Só que isso é uma bola de neve. E quando essa bola atingir seu voluma máximo, vai sobrar para todo mundo. Vai respingar para todo lado. Se continuar desse jeito creio que chegaremos a uma revolução urbana. Vai ser um caos. Um salve quem puder. A coisa está ficando estranha. Nós temos condições de ser o primeiro lugar do mundo, mas o roubo é muito grande. A floresta amazônica é riquíssima e não existe um controle eficaz. Se qualquer outro país tivesse a metade da corrupção que tem aqui já tinha quebrado. Você não vê ninguém vindo de bom grado para fazer o certo simplesmente por ser certo. Ninguém quer fazer um bom trabalho para ajudar os menos favorecidos. Eles querem arrumar algum. Eles querem o status de políticos. Querem os lucros. Essa é a triste verdade. Acho que isso deve ter a ver com aquela lei do Gerson.
COMUNIDADE: E por que o povo não reivindica seus direitos?
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EDINHO: O povo, coitado, é quem paga. Paga por estar mal instruído. Não conhece seus direitos. Vou continuar batendo nessa tecla. E-D-U-C-A-Ç-Ã-O. Um exemplo disso é o voto nulo. Quase ninguém sabe o que é o voto nulo. O que acontece. O que se vê é o povo cada vez mais insatisfeito e votando no cara. Às vezes faço uma enquête na minha loja e de 50 pessoas que entram lá, uma sabe o que é o voto nulo. Como se anula, o que acontece se tiver mais de cinqüenta por cento de votos nulos. Essa é a única arma que o povo tem. O povo acha que votar é obrigação. Isso não é obrigação. É direito. De direito para obrigação existe uma distância enorme. Eles levam para outro lado. O povo não tem de ir votar porque é obrigado, mas por estar convicto da escolha de seu representante, ou então para botar todos eles na rua.
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COMUNIDADE: Isso seria uma grande mudança no modo do povo se relacionar com a política.

EDINHO: O povo não conhece a lei eleitoral, só quer cesta básica e declaração. Recebi um e-mail, onde um ex-combatente de guerra ensinava ao seu professor como se prende porco do mato. Ele disseque era muito fácil. Era só jogar um punhado de milho no quintal e esperar o porco vir comer. Depois de ele aparecer para comer o milho durante um tempo se coloca uma cerca de um lado. Passado algum tempo, o porco já vai ter se acostumado a ela. Aí você fecha em L. Passado mais um tempo você fecha em U. Um belo dia você fecha a cerca deixando apenas o portão para ele entrar e sair. Quando ele menos esperar você fecha o portão. O bolsa família é o milho. O povo não precisa de esmola. Ele tem de ter condições dignas de ir ao mercado e fazer suas compras. Essa história de cesta básica é antiga. O povo tem direito a saúde e educação, mas ninguém dá isso a ele. Eles querem que o povo viva como o porco da história. Se acostumando ao milho atirado no quintal, para quando ele menos esperar estar cercado.
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COMUNIDADE: E por que o governo não investe em educação?
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EDINHO: Porque não é interessante para ele. Eu só posso acreditar nisso. O povo está muito mal informado. Dá pena de um povo que está sendo privado da verdadeira informação. Eles falam coisas que não tem nada a ver com a realidade. Muitas vezes, a culpa de certas coisas cai sobre pessoas que não tem como resolver certos problemas. No meu caso, por exemplo, canso de escutar pessoas me recriminando como se tudo fosse culpa do Presidente da associação. Eu faço o ofício, peço a obra, acompanho e aí quando chega ao setor competente eles alegam que não tem dinheiro... Que não vão fazer... Se não tiver voto, um acordo com uma pessoa que abrace a área, vai ficar chupando dedo na pista. É muito difícil trabalhar assim. São pessoas que não querem ver nosso verdadeiro crescimento. Querem sempre que estejamos dependendo de sua ajuda.

Pausa de final de ano

VAMOS DAR UMA PAUSA PARA NOS ORGANIZAR E TENTAR SUPERAR AS ATUAIS DIFICULDADES DE TRABALHO. PRETENDEMOS ESTAR DE VOLTA NO INÍCIO DE JANEIRO COM MAIS INFORMAÇÕES DIÁRIAS SOBRE AS COMUNIDADES.
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