sexta-feira, 4 de julho de 2008

ESTÁ FAZENDO O QUE EMCASA?



Os excluídos da sociedade

POR ALEXANDRE MENDES

Há muito tempo, ouvimos a conversa fiada de que a Prefeitura irá construir um camelódromo ao lado do Terminal Rodoviário de Niterói. Eles afirmam que irão desimpedir as calçadas e facilitar o tráfego de transeuntes. A idéia da construção do camelódromo provavelmente não incluírá as centenas de camelôs que ocupam as ruas da cidade, considerados "ilegais". O trabalho dessas pessoas é considerado informal, porque a Prefeitura de Niterói (em hipótese alguma concede as permissões) a muito tempo, nega uma documentação autorizando que essas pessoas trabalhem honestamente. Eu fui às ruas perguntar aos camelôs considerados "ilegais", O que eles achavam da construção do camelódromo (a eleição já está próxima?) e a reação era esperada: Nenhum deles havia ouvido falar sobre isso recentemente, e ninguém afirmou ter sido cadastrado para alguma coisa pela Prefeitura de Niterói.

DEPOIMENTOS
(os nomes foram redigidos com as iniciais minúsculas de propósito)

francisco da silva machado,25 anos- Camelódromo? Essa estória é antiga! Trabalho a 8 anos aqui e ó, já tentei a permissão da Prefeitura: é meio difícil, hein!

carlos henrique da cunha, 32 anos- Eu só posso confiar em Deus, porque ser humano nenhum liga pra gente não! É o dia inteiro correndo do "Rapa", e eu só quero defender o leite das crianças!

marizete alves lima, 47 anos- Já perdi dois tripés e mais de 90,00 em mercadorias só esse mês passado ( para a Guardal Municipal). Da última vez, meu filho foi defender as coisas e quase apanhou!

O que vai adiantar se a Prefeitura de Niterói pegar os camelôs já cadastrados, em barracas fixas e os colocar no sonhado camelódromo? Os que não são cadastrados vão continuar sendo perseguidos? O vendedor ambulante é uma profissão tão antiga quanto a prostituição. Além do mais, o ambulante deve ser considerado o reflexo da política injusta e parcial, onde a maioria do povo é legado à sua própria sorte. Todas as grandes cidades do mundo tem seu contigente informal. Caso o Estado queira continuar com a política hipócrita, sua obrigação é a de criar condições para acomodar todos os trabalhadores informais de seus domínios. "ILEGAL" é o Estado ver um cidadão buscando formas alternativas de sobreviver (em meio ao excesso de mão-de-obra, e tão pouco emprego) e proibí-lo de seu ato. Aonde fica então, aquela conversa de Direitos Humanos?

CONTATOS: GRUPO TORTURA NUNCA MAIS


Intimidar Defensores de Direitos Humanos: a quem interessa?

Mais uma vez o sitio do Grupo Tortura Nunca Mais/RJ é atacadoNo dia 16 de junho de 2008 o sitio foi invadido e, dessa vez, todas as informações ali contidas foram apagadas.
A partir do dia 18 – após a publicação da nota Tortura, Morte e Corrupção: Atuação das Forças Armadas, denunciando mais uma “morte em treinamento” e a invasão do Morro da Providência, no centro do Rio, desde dezembro de 2007, por militares do Exército que “venderam” de três jovens moradores daquele morro à traficantes do Morro da Mineira – todo sitio foi completamente apagado.Em junho de 2006, a página intitulada “Denúncias” do sitio www.torturanuncamais-rj.org.br com informações sobre os militares brasileiros que receberam treinamento na “Escola das Américas”, os Dossiês de alguns torturadores denunciados no “Projeto Brasil Nunca Mais”, elaborado pela Arquidiocese de São Paulo e divulgado pelo GTNM/RJ, além de outras informações sobre violadores de direitos humanos, também foram apagadas do sitio.
JORNAL DO GRUPO TORTURA NUNCA MAIS
Ações como estas que têm como objetivo principal a intimidação e a censura devem ser repudiadas, são tentativas desesperadas de impedir a divulgação de atos indignos, de produzir o esquecimento e de perpetuar o silêncio sobre fatos que ocorreram em um passado recente e que ainda hoje continuam acontecendo.Entendemos que, além do repúdio e da indignação que esses fatos causam, torna-se necessário trazê-los ao conhecimento de toda a sociedade.Queremos tornar público, e em especial para aqueles que se julgam senhores e donos da história do Brasil, que não nos calaremos, que não nos intimidamos com estes tipos de ameaças. Continuaremos afirmando nossa luta no sentido de trazer para o conhecimento de todos as violações de direitos humanos cometidas em nome da segurança nacional e as que ainda hoje ocorrem em nome de uma pseudo governabilidade.Pela Vida, Pela Paz, Tortura Nunca Mais!Rio de Janeiro, 01 de julho de 2008Grupo Tortura Nunca Mais/RJ

"Arco da Maldade"
de Oscar Niemeyer

Escultura e projeto de monumento criado para o
Grupo Tortura Nunca Mais/RJ