terça-feira, 12 de agosto de 2008

Associação de Pescadores sofre com o descaso


Fotos e texto: Fabio da Silva Barbosa e Luiz Henrique Peixoto Caldas.
Colaboração: Luciana


A Associação de Pescadores e Amigos de São Pedro fica entre o Shopping bay Marcket e o terminal de ônibus do centro de Niterói. Lá o forte é a pesca de mexilhão e o Presidente da Associação, que já existe a 15 anos e tem 44 associados, é Gerson Fausto leite, conhecido como Déu, pescador a 20 anos.

O primeiro problema citado por Déu são os arrastões que acontecem a todo o momento na Baía de Guanabara. “Todo mundo tem que sobreviver, mas esse tipo de pesca não respeita fatores como o tamanho do peixe e vão degradando todo o meio ambiente.” Segundo acredita as autoridades competentes não tem condições de fiscalizar esse tipo de atividade.
Déu lembrou de quando, a menos de 10 anos, a Ponte Rio-Niterói era considerada o Banco do Brasil da Maricultura. O próprio Presidente tirava cerca de 100 quilos de mexilhão por dia. “E olha que tinha mais de quarenta pessoas competindo comigo. Trabalhando no mesmo tipo de coleta.” Nessa época, o pescador tirava por dia no Bruto R$ 300,00. Hoje não se tira a metade. A poluição diminuiu drasticamente a população de mexilhão na área e em contra partida a concorrência aumentou.

O presidente fez um trabalho de medição da profundidade das águas em que pesca dentro da Baía (batimetria) e de qualidade da mesma e constatou que existe uma profundidade de lama de oito metros. Explicou visivelmente chocado que essa lama é composta em sua maior parte de cloriformes fecais e outros dejetos prejudiciais a água. Várias pedras que podiam ser avistadas estão cobertas por essa lama e os peixes que podiam ser vistos em volta delas sumiram. O barco conhecido como lameiro, que deveria colaborar com a despoluição da Baia tem sido visto pelos pescadores como verdadeiros maquiadores da situação. Eles informaram que o procedimento consiste em tirar os detritos de um lugar e despejá-los em outro.

A associação vem buscando parcerias para tentar implantar uma plantação de mexilhões, mas a Marinha ainda não demarcou uma área que eles pudessem desenvolver a maricultura. Com esse tipo de projeto a quantidade e a qualidade do produto subiriam significativamente. Outro drama que eles vêm tentando contornar é o aspecto precário do ambiente de trabalho. O barracão onde descascam os mexilhões está decadente e falta uma caçamba para a coleta dos detritos, que atualmente são jogados na água.

A rotina de trabalho é dura. Os pescadores chegam quatro horas da manhã e ficam até as 18 horas catando, descascando, embalando e vendendo o mexilhão. A venda é feita no mercado São Pedro e para o estado de São Paulo. Conversamos com o pescador Milton Pardal, que falou um pouco sobre isso.

Entrevista com Pardal


Comunidade: Há quanto tempo você trabalha com a pesca do mexilhão?

Pardal: 30 anos

Comunidade: Como vive o pescador hoje?

Pardal: Você almoça e janta junto. Lá para as sete horas da noite. Quando a caba já está dormindo já não agüenta fazer mais nada. Quando pensa que está dormindo já chegou à hora de levantar. Isso se quiser tirar um trocado.

Comunidade: E a prefeitura tem dado algum tipo de apoio?

Pardal: Apoio é o que a gente mais precisa. Onde acontece o trabalho de descascar e embalar o mexilhão é do jeito que vocês estão vendo. Tudo quebrado. E se tentar concertar a prefeitura vem e tira tudo, alegando que não estamos em área autorizada. As bóias que colocamos em um canto que não atrapalha ninguém para plantarmos os mexilhões ainda não foram reconhecidas pela marinha. Fizeram um espaço minúsculo para trabalhar-mos ali do lado que não deu em nada.

Comunidade: Por que?

Pardal: Porque infelizmente é assim. E olha que isso aqui é trabalho. São famílias trabalhando.

Comunidade: E a associação? Funciona bem?

Pardal: A associação funciona, mas não tem como resolver tudo. As cascas do mexilhão são jogadas no mar já que a Prefeitura não nos fornece uma caçamba e sacos para que possamos embalar o lixo. O lixo aumentou muito ocasionando a poluição. Nós acabamos contribuindo para isso. Agente ensaca o carvão e bota ali em cima, mas eles demoram muito para vir buscar. Fica tudo empilhado e agente tem pouco espaço para trabalhar.





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