segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Entre o carnaval e a realidade a Viradouro tem motivos de sobra para comemorar.

Texto e Fotos Por: Fabio da silva Barbosa
& Luiz Henrique Peixoto Caldas

Depois de quatro décadas longe da comunidade que a fundou em 1946, a escola de samba do Viradouro, representante de Niterói no carnaval carioca, de dois anos para cá voltou a ter contato com sua comunidade de origem. Passou por várias localidades, e há cerca de 30 anos os ensaios são realizados no Barreto. Quando fundada era conhecida como Cacique do Viradouro e sua quadra inicial é oferecida hoje, gratuitamente para os moradores fazerem suas festas e eventos. Diversos motivos levaram ao afastamento de seu berço de origem, mas após o atual presidente da escola, Marcos Lira, assumir, novos contatos começaram a ser feitos entre as partes. Segundo os representantes comunitários ele se surpreendeu quando descobriu que existiam apenas oito moradores desfilando por sua escola. Em Setembro de 2006 um grande evento com quase toda a escola marcou esse reencontro. Uma parceria está sendo feita entre a escola e a Associação de Moradores do Viradouro para trazer melhorias ao lugar. Uma sede para a Associação e seus projetos está entre esses planos.

O antigo Cinema Mandaro será a futura Sede Social da Comunidade segundo o Diretor Social.

Hoje a comunidade tem como Presidente de sua associação Leila Monteiro Ventura, 45, dona de uma simpatia e de uma garra para lutar pelo lugar sem igual. Paulo Lourenço de Oliveira Rodrigues, 54, nascido e criado no lugar é ex-presidente e atual Diretor Social. “Essa parceria entre a escola e a associação está sendo muito positiva. Essa sede social que estamos erguendo onde antes era o cinema Mandaro, com 600 metros quadrados, vai ser uma conquista importante, já que tudo que temos, inclusive espaço para reuniões nos é cedido pela cidade dos menores e pelas irmãs que tem um trabalho muito bonito aqui dentro da Viradouro.” Explica Paulo. Esse núcleo ficará na rua Mário Viana, número 858.

A antiga quadra da Viradouro na comunidade

Muitos moradores estão satisfeitos em poder voltar a participar dos eventos da escola, já que em determinado momento a distancia se tornou tamanha que na reaproximação foi considerada uma vitória quando trinta moradores conseguiram desfilar. Atualmente mais de duzentos participam do desfile, além da Bateria Mirim da Viradouro, formada por muitas crianças da comunidade.
O médico de família funciona em um belo posto situado dentro da comunidade, atendendo a sua população que está estimada entre cinco mil e cinco mil e duzentas pessoas. Uma escola municipal (Escola Municipal Manoel França) e uma creche (Cidade dos Menores), atualmente ligada à prefeitura, dão assistência às crianças. Os projetos também se destacam. Entre eles estão o reforço escolar da Prefeitura, momentaneamente parado, e a Escolinha de Futebol do Gerson. O viva Vôlei do vereador Betinho e a Escola Aberta, de origem municipal promovem atividades para jovens e crianças. Uma oficina de carpintaria e uma de costura industrial estão se reestruturando para voltar a funcionar. Uma pequena biblioteca oferece livros didáticos as crianças.A horta comunitária está parada, mas existe a intenção de revitalizá-la.


O Projeto Gerson foi muito elogiado.

A Unidade Telecentro Viradouro está funcionando a pleno vapor, promovendo três tipos de atividades diferentes: O uso livre, que permite o acesso à internet pelos usuários; Os cursos, com quatro turmas abertas e as oficinas, que abordam temas de interesse da comunidade. O coordenador do projeto é Flávio Ramos. Para alguma comunidade que queira ter acesso ao Telecentro, Flávio nos informou que o telefone da Subsecretaria de Modernização é 27192908.
A Barraca do Paulinho é um importante ponto de encontro local, onde acontece as inscrições para o campeonato de futebol e onde se concentra o Grêmio Recreativo Escola de Samba Folia do Viradouro. O proprietário Paulo Roberto, 40, é o presidente da escola e tem se animado com a evolução da nova escola da região e com os vários prêmios recebidos.
A Viradouro se divide no Morro do Africano, Morro da Cruz, Morro do Papagaio, Morro da União e a Garganta, onde nasceu a escola de samba. O diretor social falou com orgulho das melhorias feitas por todos esses lugares que compõem a comunidade onde foi nascido e criado. Os refletores do campo, onde atualmente ocorre o campeonato local, todos os Domingos na parte da tarde, foram colocados por ele com a ajuda das crianças. A água, a luz e a limpeza pública foram elogiadas. Garis são vistos trabalhando todo o dia e galões são distribuídos pelas ruas para depositar o lixo doméstico. “Eu adoro esse lugar. Fiquei afastado cerca de dois anos, mas minha vida sempre foi aqui.”

Nem tudo são confetes

Entre alguns dos problemas detectados na localidade o mais crítico foi o do valão que corta a comunidade, em muitas partes a céu aberto, como na Rua Nossa Senhora das graças em frente ao número 474. Passando por ruas e quintais, moradores vão convivendo com seu esgoto. Uma nascente que desce da comunidade Atalaia, se junta com o esgoto das casas e da origem a todo esse problema. Uma ponte foi construída por moradores em certa parte para poderem passar sobre a vala.


A pavimentação em muitas ruas está em estado precário, como na Travessa da Barraca. O acesso nesse lugar está muito prejudicado, dificultando os moradores a chegar e sair de suas residências. A associação está fazendo contatos para tentar resolver o problema junto as autoridades competentes.


Amanhã, Comunidade editoria bate um papo com o diretor social dessa importante comunidade de Niterói.