quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Para Onde Vai o MST?

*Raymundo Araujo Filho

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Dia 20 / Jan / 2009 iniciou-se o XIII Encontro Nacional do MST, em um momento de grande e recente desilusão (por parcela da Direção do Movimento, mas quase a Base inteira) quanto às chances de haver algo parecido com Reforma Agrária neste (des)governo Lulla. E com clara mensagem de juntar a militância em um Estado, o RS, distante 4 mil Km de Belém, onde se realizou no dia seguinte do final do encontro, o FSM (Forum Social Mundial ), do qual o MST era participante aguerrido, notadamente para defender o Lulla, com as camisetas "100% Lula" e "Lula é Meu Amigo, Mecheu com Ele, Mecheu Comigo", e sem se furtarem em agir de forma grosseira, quando não ameaçadora, com quem se mostrava oposição, mesmo à esquerda do Lulla.

Se este distanciamento do FSM 2009 não é um recado, só pode ser um....Recado! Pois todos sabemos que, a exemplo dos dois últimos eventos em Porto Alegre, este em Belém é dado como já sequestrado pelo PT e os governistas do Pará e do Gov. Federal. E com presença de Lulla, "cansado" de ir a Davos. O presidente não iria ao FSM em Belém, se não tivesse "garantido" pelas "bases".

Neste início de ano, de forma sub textual foram expostas divergências claras que se passam no interior da Direção do MST. De um lado, o dirigente nacional do MST João Paulo concede entrevista ao jornal internético do PC do B (dia 3 / Jan / 2009), reconhecendo que "foi um ano difícil, mas que o MST não é oposição e nem situação em relação ao governo". O membro do Conselho Editorial do Brasil de Fato, mídia impressa e internética do MST, Alípio Freire escreveu-me dizendo que "este governo representa avanços de interesse dos trabalhadores", em ríspido debate internético e público que tivemos. Em que se pese que os dois citados teceram críticas, principalmente quanto ao abandono da Reforma Agrária. Mas, estranhamente viram avanços (sem explicarem quais) nas políticas de Lulla e sua equipe. Além de serem filiados ao partido, cujo (des)governo os (nos) traiu.

Já o Stédile em entrevista publicada n' O Globo (19 / Jan / 2009) foi um pouco mais longe e declarou que "O MST não vai orientar o voto para o PT, na sucessão de Lula, pois não podemos apoiar um governo que traiu o compromisso eleitoral com a Reforma Agrária".
Reportagem sobre isso pode ser lido clicando aqui.

Portanto, só um cego não vê que há uma profunda dissensão interna na Direção do MST, o que acho saudável. Afinal, ninguém iria NÃO recomendar votos, em um Partido que possibilitou "avanços" para a Classe Trabalhadora. Pena que eles prefiram discutir, sem expor à sociedade as suas divergências, pois assim, poderiam receber inspirações que não sejam apenas de suas minúsculas "organizações de vanguarda(?)" que compõem a Direção Nacional do MST. Pois se ouvissem realmente as Bases do Movimento, já teriam rompido com Lulla, há muito tempo.
Mas o fato é que, embora Stédile tenha avançado, ainda não declarou-se Oposição ao Lulla. Talvez estejam esperando uma resolução conjunta do Encontro Nacional. Quem sabe não haverá no evento, não uma queima de fogos ou bandeiras dos eua e israel apenas, mas sim de fichas de filiação ao PT, além de uma conclamação aos dois governadores convidados, o Requião (PR) e Jackson Lago (MA), que são da Base Aliada do presidente Lulla, em clara contradição política. Ou não?

Mas, há uma outra questão da maior importância, abordada por Stédile em sua entrevista. Diz ele que "o Projeto de Reforma Agrária que reivindicávamos está ultrapassado. Vamos para as Cidades fomentar greves". Na avaliação de Stédile sem o Povo das Cidades mobilizados, não haverá alento no Campo. O que concordo, e há muito. Mas, sei que tinham medo de urbanizar o debate, como eu propunha, pois isso poderia gerar uma onda anti-Lulla, em quem eles ainda apostavam, como benfeitor do MST, e não como FEITOR, como se tornou.

Posso dizer que concordo com esta frase do dirigente do MST. Mas temo que este movimento não esteja sendo proposto, na direção que expus no artigo Opção de Lutas à Esquerda (maio / 2008). Aliás, este artigo foi o motivo de minha expulsão de uma Lista de discussão moderada por um grupo de Lullo Petistas, de nome oquintopoder.

Penso que a mesma preocupação que demonstro, também é veiculada no artigo publicado no Correio da Cidadania, assinado pelo Roberto Malvezzi, o Gogó, Coordenador da CPT (Comissão Pastoral da Terra, em artigo muito bem justificado, notadamente nos dois últimos parágrafos, onde coloca claramente que "na luta pela terra está o futuro do MST".

E, creio que o meu temor é justificável. Ora se Stédile diz que "o modelo de Reforma Agrária que reivindicamos está ultrapassado, sem explicar onde e qual o projeto substituto, além de dizer que estão indo para as cidades organizar greves", está claro que pode ser uma indicação de certo abandono das Ações Concretas pela ocupação de terras para a Reforma Agrária, indo o MST apoiar e fomentar as reivindicações dos trabalhadores urbanos. Além do que, pode ter uma compreensão diferente sobra a ida do MST para as cidades, como coloco em meu artigo citado mais acima, que teria a característica principal de mobilizar o Setor Urbano para a necessidade da distribuição de terras no Campo, para os Agricultores Familiares ensejarem uma produção de alimentos e agrícola, fora dos moldes predadores ao meio ambiente, impostos pelo Agronegócio ou Produção Empresarial.

Assim, espero que se faça a boa Luz neste XIII Encontro Nacional do MST em Sarandi (RS), e que a Base da Militância dos Sem Terra faça seus dirigentes verem que não é hora de recuos, mas sim de avanços na busca de aliados para a principal Luta dos Movimentos Sociais que, como bem nos mostra Roberto Malvezzi (CPT), é pela Reforma Agrária, como a solução mais adequada para que se faça Justiça Social neste Brasil.

Ao meu ver, não é o Modelo de Reforma Agrária reivindicada que está errada, mas sim a tática de tentar fazê-la, a partir da complacência com este governo entreguista, a qual denunciamos há muito, sob fogo cerrado e prejuízos pessoais e profissionais, por conta de sermos considerados mal vindos, pelas críticas que sempre fizemos sobre a Natureza entreguista e reacionária (senão pior) do (des) governo Lulla.

Todo o apoio ao MST! - Mas sem perder a independência crítica à Direção do Movimento, para a qual, ao meu ver e sentir, faltou clareza, independência e generosidade com seus críticos pela esquerda.

*Raymundo Araujo Filho é médico veterinário homeopata, que pode morrer teso, mas não vai entregar a rapadura.

ABAIXO-ASSINADO

http://www.petitiononline.com/Imbuhy/petition.htmlhttp://defesadaaldeiaimbuhy.blogspot.com/

Os abaixo assinados, em acordo com à Associação dos Moradores da aldeia do Imbuhy (ASMAI), vêm solicitar aos órgãos públicos competentes a permanência da Comunidade tradicional da Aldeia do Imbuhy - Niterói/RJ ao seu lugar de origem visando a preservação da dignidade humana através do Decreto nº. 6.040/07 que regulamentou a proteção dos direitos e dos conhecimentos e saberes das populações tradicionais ou locais.
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