quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Pausa de final de ano

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VAMOS DAR UMA PAUSA PARA NOS ORGANIZAR E TENTAR SUPERAR AS ATUAIS DIFICULDADES DE TRABALHO. PRETENDEMOS ESTAR DE VOLTA NO INÍCIO DE JANEIRO COM MAIS INFORMAÇÕES DIÁRIAS SOBRE AS COMUNIDADES.
FORTE ABRAÇO E ATÉ BREVE
FSB&LHPC
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Presidente da Associação de Moradores da Travessa Iara bota a boca no trombone.

Por: Fabio da Silva Barbosa
e Luiz Henrique Peixoto Caldas

A Comunidade Iara, em Santa Rosa, possui muitas particularidades, a começar pelo seu nome. Embora muitas pessoas conheçam o lugar por essa denominação que veio de sua antiga nomenclatura (Travessa Iara), a localidade foi rebatizada a cerca de dez anos com o nome Quintino José Ferreira, como se chamava um antigo morador. Edson José Ferreira, 52, Presidente da Associação de moradores local afirma que muitos nem sabem sobre a mudança e que todos ainda conhecem o lugar por Iara. Outra particularidade apontada por Edson é a localização da comunidade, que mesmo os correios considerando ser parte do bairro de Santa Rosa, muitos acreditam que o lugar faz parte do Cubango. "Mas aqui é Santa Rosa. O livro de CEP do correio é quem diz a verdade. É o registro." Informa o Presidente.
Não existem projetos sociais no local. O Presidente tem alguns projetos, mas ainda não houve incentivo de nenhuma entidade ou órgão do governo para por em prática. Embora tenha água na comunidade, à rede é muito antiga e deveria ser reavaliada, assim como a pavimentação que já apresenta desgaste em vários pontos por ter sido feita a muitos anos. Uma questão levantada relativa à água é que algumas pessoas alegam que certos moradores de comunidade não pagam água. "Mas isso é responsabilidade dos órgãos competentes. Eles têm de resolver. O problema que estou apresentando é um, eles ao invés de resolver me apresentam outro." Reclama Edson. A rede de esgoto também precisa ser revista. Entupimentos acontecem com freqüência. A comunidade conta com cerca de aproximadamente 340 casas e mais de mil moradores.
Uma das obras pedidas é no parapeito de uma das vias de acesso a comunidade, que está em estado precário e deveria manter a segurança dos moradores contra possíves acidentes. Galões de lixo foram solicitados, mas segundo nos informou o Presidente, a CLIM alegou estarem em falta.

Solta o verbo Presidente


O presidente é outra particularidade. Dono de uma opinião forte segundo ele próprio, tido por muitos como um tanto radical, Edinho, como é conhecido pela redondeza, nos recebeu em sua casa para esclarecedor e animado bate papo.
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COMUNIDADE: Você nos disse que sua administração termina no início de 2009. Você acredita que conseguiu atingir seus objetivos?

EDINHO: Não. Quando entrei na associação eu queria trabalhar de uma forma tida por muitos como arcaica, mas acredito que é a forma mais correta de trabalhar. Essa forma é a de ir à prefeitura e apresentar as deficiências da comunidade. Esses pedidos deveriam então ser atendidos com o prazo devido. Dependendo da situação apresentada. Só que o que acontece não é isso. Se você chegar lá e não tiver um cara que indicou ou uma força política, nada acontece. Só que isso é obrigação do poder público garantir o bem estar da população. Suprir essas necessidades, independente de estar colado com cicrano ou beltrano. È de desanimar. Mas eu não desanimo. Bato em uma porta, bato em outra, fazendo sempre meus ofícios.

COMUNIDADE: Os políticos, então, não têm cumprido com seu papel na sociedade?
EDINHO: Em político eu não acredito mais. Você só vê político se vangloriando de estar fazendo isso ou aquilo em lugar que tem voto. E ele não está fazendo mais que sua obrigação, já que o dinheiro dessas obras vem do próprio contribuinte. Agora, isso é obrigação da Prefeitura. Não é o Vereador que tem de estar fazendo isso. A função do Vereador é legislar e fiscalizar. Mas estar de frente nessas obras traz votos. Os valores nesse país estão se invertendo. Eu fico até com medo por observar que isso é um comportamento a nível internacional. Os corruptos estão sempre numa boa. Aí se descobre um furo e faz um alarde, mas depois acaba e fica tudo nisso mesmo. O cara continua numa boa. Só se vê obra eleitoreira. Se der menos de três mil votos não se faz obra. Deixam à comunidade abandonada. A verdade é essa cara. Isso pode ser observado até nos sindicatos. Isso dificulta trabalhar em uma associação e conseguir melhorias para a comunidade. Sou aposentado do Ministério da Saúde. A maioria dos caras que entram em uma associação daqui a pouco vem como vereador e tal... Eu não quero nada disso. Não preciso. Graças a Deus.
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COMUNIDADE: E por que isso está acontecendo?
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EDINHO: Eu sou até um pouco radical. Antigamente chegavam cadernos para o colégio público, hoje essas escolas estão abandonadas. Só o que existe agora é interesse político. O que está dando para entender é que ninguém pensa em melhorar mais nada. O principal para um povo é educação. Esse é o alicerce. É a mola mestra. Tudo que está acontecendo hoje é por falta de educação e oportunidade de trabalho. Tem de dar ocupação para crianças e jovens. Na minha época entrava 7:00 h da manhã e saía 17:30 do Colégio Henrique Laje. Isso quando não tinha ensaio da banda. Aí, quem era da banda, saía as 19:00h. Esse é o único jeito. Instruir esse povo. Se não essa criançada que está aí agora, serão os novos marginais de amanhã. Serão todos recrutados pelo tráfico. Infelizmente. Não vai ter outro jeito. Já escutei muitos relatos tristes de pessoas que tinham uma profissão, mas não conseguiam um salário digno no mercado de trabalho. Antigamente no hospital onde trabalhei tinha de tudo. Se a pessoa precisasse de caneta tinha. Hoje não leva sua caneta para trabalhar só para ver se tem como escrever. Antigamente se tinha Bucomaxilo, Nefrologista... Hoje está difícil encontrar certas especialidades na saúde pública. Ta tudo acabando. Eu to até com medo dessa situação.

COMUNIDADE: Medo?
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EDINHO: Não é brincadeira não... Se a coisa continuar desse jeito amigo... vai dar problema. Mas eles fazem isso com o povo achando que não sobra para eles. Só que isso é uma bola de neve. E quando essa bola atingir seu voluma máximo, vai sobrar para todo mundo. Vai respingar para todo lado. Se continuar desse jeito creio que chegaremos a uma revolução urbana. Vai ser um caos. Um salve quem puder. A coisa está ficando estranha. Nós temos condições de ser o primeiro lugar do mundo, mas o roubo é muito grande. A floresta amazônica é riquíssima e não existe um controle eficaz. Se qualquer outro país tivesse a metade da corrupção que tem aqui já tinha quebrado. Você não vê ninguém vindo de bom grado para fazer o certo simplesmente por ser certo. Ninguém quer fazer um bom trabalho para ajudar os menos favorecidos. Eles querem arrumar algum. Eles querem o status de políticos. Querem os lucros. Essa é a triste verdade. Acho que isso deve ter a ver com aquela lei do Gerson.
COMUNIDADE: E por que o povo não reivindica seus direitos?
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EDINHO: O povo, coitado, é quem paga. Paga por estar mal instruído. Não conhece seus direitos. Vou continuar batendo nessa tecla. E-D-U-C-A-Ç-Ã-O. Um exemplo disso é o voto nulo. Quase ninguém sabe o que é o voto nulo. O que acontece. O que se vê é o povo cada vez mais insatisfeito e votando no cara. Às vezes faço uma enquête na minha loja e de 50 pessoas que entram lá, uma sabe o que é o voto nulo. Como se anula, o que acontece se tiver mais de cinqüenta por cento de votos nulos. Essa é a única arma que o povo tem. O povo acha que votar é obrigação. Isso não é obrigação. É direito. De direito para obrigação existe uma distância enorme. Eles levam para outro lado. O povo não tem de ir votar porque é obrigado, mas por estar convicto da escolha de seu representante, ou então para botar todos eles na rua.
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COMUNIDADE: Isso seria uma grande mudança no modo do povo se relacionar com a política.

EDINHO: O povo não conhece a lei eleitoral, só quer cesta básica e declaração. Recebi um e-mail, onde um ex-combatente de guerra ensinava ao seu professor como se prende porco do mato. Ele disseque era muito fácil. Era só jogar um punhado de milho no quintal e esperar o porco vir comer. Depois de ele aparecer para comer o milho durante um tempo se coloca uma cerca de um lado. Passado algum tempo, o porco já vai ter se acostumado a ela. Aí você fecha em L. Passado mais um tempo você fecha em U. Um belo dia você fecha a cerca deixando apenas o portão para ele entrar e sair. Quando ele menos esperar você fecha o portão. O bolsa família é o milho. O povo não precisa de esmola. Ele tem de ter condições dignas de ir ao mercado e fazer suas compras. Essa história de cesta básica é antiga. O povo tem direito a saúde e educação, mas ninguém dá isso a ele. Eles querem que o povo viva como o porco da história. Se acostumando ao milho atirado no quintal, para quando ele menos esperar estar cercado.
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COMUNIDADE: E por que o governo não investe em educação?
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EDINHO: Porque não é interessante para ele. Eu só posso acreditar nisso. O povo está muito mal informado. Dá pena de um povo que está sendo privado da verdadeira informação. Eles falam coisas que não tem nada a ver com a realidade. Muitas vezes, a culpa de certas coisas cai sobre pessoas que não tem como resolver certos problemas. No meu caso, por exemplo, canso de escutar pessoas me recriminando como se tudo fosse culpa do Presidente da associação. Eu faço o ofício, peço a obra, acompanho e aí quando chega ao setor competente eles alegam que não tem dinheiro... Que não vão fazer... Se não tiver voto, um acordo com uma pessoa que abrace a área, vai ficar chupando dedo na pista. É muito difícil trabalhar assim. São pessoas que não querem ver nosso verdadeiro crescimento. Querem sempre que estejamos dependendo de sua ajuda.

Pausa de final de ano

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terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Para as comunidades de Minas - Contatos: FAVELA É ISSO AÍ


BOLETIM ELETRÔNICO FAVELA É ISSO AÍ – N° 77 - 01/12/2008
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audiovisual Favela é Isso promove oficinas no interior do estado A ONG Favela é Isso Aí oferece, através do Projeto Imagens da Cultura Popular, oficinas de vídeo–documentário e animação, na cidade de Santana dos Montes, a 120 km de Belo Horizonte e próximo a Conselheiro Lafaiete. As atividades começam nesta segunda e terminam no dia 10. O projeto é realizado via Lei Estadual de Incentivo à Cultura e patrocinado pela VIVO. O foco é o patrimônio cultural e histórico da cidade. As oficinas são realizadas em parceria com o Museu de Santana dos Montes, que é financiado com recursos do IPHAN/ MINC.
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Festa de inauguração de centros culturais na capital
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Três centros culturais serão inaugurados, neste final de semana, em Belo Horizonte. Os três novos espaços de cultura, que ficam nos bairros Padre Eustáquio, Salgado Filho e Jardim Guanabara, foram demandas dos moradores, via Orçamento Participativo. O Centro Cultural Padre Eustáquio, assim como o Centro Cultural do Jardim Guanabara, conta com biblioteca, salas para oficinas de artes plásticas, artes cênicas e praça com palco. O Centro Cultural Salgado Filho, além de biblioteca, tem sala de processamento técnico, espaço para o público infantil, adulto e inclusão digital, auditório multiuso com camarim, salas para oficinas de artes plásticas, hall de exposições e uma praça de eventos. Inaugurações Os centros culturais Padre Eustáquio e Jardim Guanabara serão inaugurados no sábado (06) a partir das nove horas da manhã. Já a inauguração do Centro Cultural Salgado Filho acontece no domingo (07) também a partir das nove da manha. A programação cultural dos eventos conta com corais, circo, bandas de música de diversos estilos, roda de capoeira e apresentação de dança de rua.
Endereços
O Centro Cultural Padre Eustáquio fica na Rua Jacutinga, na antiga Feira Coberta.
O Centro Cultural Salgado Filho fica na Rua Nova Ponte, 22.
E o Centro Cultural Jardim Guanabara fica na Rua João Alves Cabral, 277, no Floramar.
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Festa BC One tem edição especial em BH
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– participação do DJ Francis, do NUCA festa BC One - Edição Especial BH será realizada neste sábado (06). No repertório dos DJ,s Francis do N.U.C, Kaio Santana e Vall com muita música eletrônica e black music. A festa acontece a partir das dez horas da noite na Saga Seasons que fica na rua da Bahia, 1313, no Lourdes. Mais informações pelos telefones 3226-4795 ou 9504-7452.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Nosso TCC

Por: Fabio da SilvaBarbosa
e Luiz Henrique Peixoto Caldas
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Depois de muita luta, conseguimos, enfim, lançar em formato tablóide impresso, o Especial Comunidade Pesqueira. Esse foi o nosso TCC (trabalho de conclusão de curso). As matérias desse jornal vocês puderam acompanhar nesse blog, até com mais detalhes, já que esse é um espaço virtual e não tem limitesespaciais. Agora iremos por em exposição nosso relatório desse trabalho, que foi apresentado a banca e agraciado com nota 10. Espero que seja útil a quem se interessar. Gostaríamos de lembrar apenas que se tratade um trabalho prático, sendo o relatório um guia para analizar o jornal apresentado.
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CENTRO UNIVERSITÁRIO PLÍNIO LEITE


Trabalho de Conclusão de Curso
Comunidade Editoria



COMUNICAÇÃO SOCIAL

HABILITAÇÃO:
Jornalismo

Novembro de 2008

Alunos responsáveis – Fabio da Silva Barbosa..
Luiz Henrique P. Caldas
Professor Orientador – Marco Antonio Bonetti.


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Introdução
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Em agosto de 2007, os alunos do curso de Comunicação Social do UNIPLI lançaram um jornal mensal chamado UNITERÓI, totalmente produzido a partir do trabalho interdisciplinar de diversos professores focados no sexto período de jornalismo. Até outubro deste ano, o projeto já somou 15 edições, que tratam de diversos assuntos relacionados com a cidade, mas, desde o lançamento do veículo, os dois autores do presente Trabalho de Conclusão de Curso, enxergaram a possibilidade de aproveitar o espaço para por em prática uma idéia que vinham amadurecendo há algum tempo, de produzir um espaço voltado às comunidades carentes do município de Niterói e de lá para cá produziram 15 páginas tratando das comunidades do Preventório, Cavalão, Zulu, Beltrão, Grota, Morro do Céu, Martins Torres, Paulada, Barreira, Sítio da Aldeia, Morro da Penha, Portugal Pequeno, Morro de Charitas, Comunidade Nordestina em Niterói, Morro Boa Vista, Viradouro, Comunidade Pesqueira de Itaipu, Morro da Peça, Aldeia Imbuhy, Comunidade de Rua e uma sobre a influencia da música nas comunidades, focando o Funk como ritmo mais influente atualmente no meio.
Tratam-se de regiões carentes, caracterizadas pelo abandono e a falta de políticas públicas que causem um impacto suficientemente significativo, no sentido de trazer mudanças na vida dessa população. Apesar de toda dificuldade, essas pessoas resistem através de muito trabalho e projetos, por vezes idealizados e executados por elas mesmas. Um exemplo disso é Lúcio Flávio, o popular Mamona. Morador da comunidade Alarico de Souza, conhecida como Zulu, após um dia de trabalho duro, dá aula de futebol para as crianças da comunidade.
Os textos tratam dos problemas sociais. A falta de água, esgoto a céu aberto, falta de segurança entre outros problemas comuns às localidades carentes apareciam no decorrer do trabalho. Mas também eram feitas entrevistas com as lideranças comunitárias e moradores no sentido de fortalecer as alianças locais assim como os processos de organização social e de cobrança frente aos órgãos públicos.
O sistema de distribuição do jornal foi se ampliando e atualmente atinge perto de 30 bancas de jornal no município de Niterói, especialmente nos bairros de Icaraí, Centro e Santa Rosa. Mas a cada edição, os dois alunos colocavam à disposição das comunidades participantes da edição certo número de jornais que circulava gratuitamente por ali, para que a população local pudesse ver sua realidade e suas demandas sociais impressas no informativo, que era aguardado com grande ansiedade. O informativo também tinha grande valor como cartão de visitas, já que era através dele que muitas vezes nos apresentávamos nas comunidades que sairiam nas próximas edições.
Em novembro de 2007, houve uma reunião na Câmara Municipal para tentar estabelecer as bases de criação de um Conselho Municipal de Comunicação Comunitária em Niterói, na qual os responsáveis pela página Comunidade, convidados e apresentados pelo Coordenador do Curso de Comunicação Social da UNIPLI e Editor Chefe do jornal UNITERÓI, Marco Bonetti, fizeram uma apresentação de slides e uma entrevista ao vivo com o Presidente da Associação de Moradores da Alarico de Souza (Zulu), Ricardo Monteiro. Era mais um avanço no sentido de fortalecer o movimento Comunidade, que já deixava de se restringir à página do jornal para se tornar algo maior, um espírito de participação social, sempre contando com apoio dos produtores do presente projeto, que realizaram uma apresentação do Ministério do Baião no pátio do Centro Universitário Plínio Leite, produziram camisas com a logo Comunidade, um blog na internet, Orkut e comunidade do Orkut e a arrecadação de trezentos livros, material para estantes e mão de obra para a implantação de uma biblioteca comunitária no Zulu (ainda em fase de implantação).
Numa outra frente de atuação, os dois autores do projeto visitaram comunidades em diversas oportunidades para produzir também material videográfico que foi apresentado em reportagens incluídas no telejornal do curso de Comunicação, na UNITERÓI TV e se inscreveram em festivais de curtas (ainda aguardando respostas quanto a participação. Atualmente contam com dois vídeos finalizados ( Campeonato de Futebol Alarico de Souza 2007/2008 e GRBC Um Dia Sai) e mais seis em fase de produção ( Problemas no Boa Vista, DJ @lpiste e o Funk do Bem, O ministério do Baião, Batizado da Escola de Samba da Grota, O Lixão e o Morro do Céu e o Dossiê, que mostrará a situação geral vivida pelas comunidades da cidade)
Por fim, para efeitos do Trabalho de Conclusão de Curso, o grupo formalizou junto à coordenação do curso de Comunicação sua intenção em desenvolver um jornal exclusivo para as comunidades, em formato Tablóide de 8 páginas, que se tornou o projeto específico a ser desenvolvido neste período e que é o objeto desta apresentação, e cujas fases de desenvolvimento assim como a reflexão a respeito de sua produção serão apresentadas a seguir.
Após a realização do trabalho chegamos às conclusões apresentadas no final do presente relatório.
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Justificativa
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Após o tempo decorrido no curso optamos por realizar um projeto que perpassasse por todas as disciplinas apreendidas. Um jornal foi a melhor opção encontrada por dialogar desde a fotografia à língua portuguesa. Abrangendo os conhecimentos de imagem, diagramação, interpretação, ética, entre outros.
Como o trabalho, desenvolvido durante o curso, que mais nos manteve em conexão com a realidade da profissão de jornalista, foi o relacionado às comunidades, resolvemos continuar nesse caminho que tanto nos enriqueceu e criou a oportunidade de transpor o conhecimento acadêmico dos muros da faculdade. Um trabalho que nos levou a usufruir da prática no dia a dia de um jornalista, nos impondo as condições mais adversas possíveis e inimagináveis.
Dando-nos o conhecimento de como adquirir e manter a fonte, como se apresentar em determinados locais que muitos profissionais da área nos informaram ser impossível entrar. O próprio repórter que trabalhava na época para a Prefeitura de Niterói (não pretendemos revelar aqui, por razões éticas, seu nome ou setor em que trabalhava) nos relatou sua experiência traumática no Morro do Céu, onde temos livre acesso até os dias atuais e realizamos tanto o trabalho para o impresso, quanto em vídeo.
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Metodologia
Para o desenvolvimento da atual pesquisa, foi adotado o seguinte cronograma:
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Julho – Levantamento de dados. Visita às comunidades e realização das entrevistas.
Agosto – Organização do material.
Setembro - Reuniões para decidir formato do jornal. Aulas de Page-maker para poder diagramar o projeto.
Outubro – Formatação e diagramação do jornal (1° 2° e versão).
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Resultados da pesquisa:
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Há diversos resultados importantes em relação ao desenvolvimento do projeto de Conclusão de Curso sobre o jornal Especial Comunidade. O presente relatório apresenta os dois principais do ponto de vista dos participantes do projeto.
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1 – A questão do tema

Por que um especial sobre um único assunto para lançar um jornal?

O número zero de qualquer publicação tem como patente o caráter experimental. É quando se define o que persiste e o que muda. O público alvo do Jornal são as comunidades carentes da cidade de Niterói. Em todas essas comunidades pôde-se observar, através da experiência empírica que tivemos desde o lançamento do jornal Uniterói, o grande número de pessoas que se lançam a atividade pesqueira. Alguns por



esporte, outros por lazer e principalmente nas mais próximas do mar, como profissão. Então é um assunto bastante abrangente e de interesse de várias localidades.
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2 – a necessidade de aperfeiçoar o produto antes de seu lançamento.
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O que foi mudado da primeira versão do jornal para a segunda.
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O primeiro jornal foi formatado com corpo 9 nas matérias e com bastante informação escrita. Já no segundo foi usado o corpo 11 e deu maior destaque as fotos. A intenção da mudança foi dar maior facilidade ao público alvo, que são pessoas de comunidades carentes, que teoricamente, em sua maioria, não tem o hábito da leitura.
A vantagem obtida na mudança da primeira versão para a segunda foi o objetivo descrito acima ter sido alcançado. Realmente o jornal ficou mais leve e fácil de ler. Teoricamente o problema foi resolvido, mas como sempre a prática se contrapõe a teoria e novas questões saltam como pipoca em panela quente.
O aumento das letras ocasionou a supressão compulsiva de dados das respectivas matérias. Inclusive as entrevistas tiveram que ser editadas, retirando algumas perguntas e respostas ou algumas vezes fundindo respostas que se complementavam. Se o problema fosse apenas este estaria tudo resolvido. Afinal um jornal tablóide não possui o espaço virtual que um blog ou um site possibilita ao jornalista. Ele tem de se pretender ao essencial. Mas o já citado pragmatismo nos deu a oportunidade de observar que as pessoas não têm o hábito de ler porque normalmente as notícias impressas na mídia convencional se distanciam da realidade das comunidades carentes, mesmo quando são fatos que tem conexão direta com a vida das pessoas.
Sempre tivemos o habito de levar o Uniterói até as comunidades em que fizemos o trabalho jornalístico para a página Comunidade, que agora se apresenta em forma de jornal. Nessa atividade podíamos sempre apreciar a atenção com que os moradores locais ficavam absortos na leitura. Independente da idade alguns chegam a ler a notícia por duas vezes seguidas tecendo comentários pertinentes ao escrito cada vez que terminava uma das leituras. Essa página sempre foi escrita no padrão da primeira versão do jornal, o que demonstra na prática que não é o tipo de letra ou diagramação e sim o que está escrito e em que linguagem está escrito que importa. O que nos levou a ajustar o segundo formato a um meio termo.
Nossa linguagem é a linguagem do dia a dia e procuramos nos manter fies ao que foi coletado na pesquisa de campo, cumprindo a função de repórter, que é a de reportar o fato, sem enfeites ou edições desnecessárias a seqüência de idéias expressa pelo entrevistado e futuro leitor.
Quando o morador da comunidade se depara com a matéria, independente de ter participado da mesma, diretamente ou não, ele se vê refletido naquele espelho de tipos e tem um interesse de absorver tudo aquilo, muitas vezes até reivindicando outra página no futuro.
No Morro Boa Vista, o Presidente estava cercado de moradores em um animado bate papo quando chegamos. Aqueles moradores não estavam lá quando a matéria foi feita, mas era fácil observar a cada linha lida a expressão de felicidade e orgulho de toda a comunidade estar presente naquelas palavras.
O que é necessário é uma flexibilidade nas duras regras que oprimem o jornalista para que esse resultado seja alcançado. Essa flexibilidade foi conquistada no segundo formato, que buscou a leveza de um jornal popular sem perder as informações cruciais e de interesse da população.
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Conclusão
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Esse projeto foi essencial para o aprimoramento do exercício que vínhamos pondo em prática desde o número um do UNITERÓI. Tivemos de expandir para um exemplar o que vínhamos produzindo em apenas uma página, arcando com todas as responsabilidades de produção do jornal. Passando por todas as etapas e procedimentos que exigem uma publicação desse porte.
Podemos também destacar a relevância social do projeto por ter dado voz a um segmento da sociedade que é impelida a margem devido a sua situação financeira e social. Dando um exemplo mais direto, podemos citar a situação da comunidade pesqueira retratada no projeto, que vem perdendo espaço compulsivamente para instituições como a PETROBRAS, que desfruta de grande espaço na mídia convencional para relatar o lado positivo de seu empreendimento. Pessoas como o senhor Misael de Lima, Presidente da Associação dos Maricultores Livres de Jurujuba, não costumam ser vistos na grande imprensa dando sua versão dos fatos, mesmo sua opinião, devido a seu posto e sua experiência, sendo fundamental para se tomar qualquer medida relativa a pesca e seus dependentes diretos e indiretos.
Além disso, o projeto cria uma ligação entre a academia e a sociedade, já que ele não se limita aos assuntos acadêmicos, transbordando tais limitações e elevando pontos de interesse geral ao assunto principal da publicação. Isso demonstra que a Universidade não é apenas um círculo fechado que favorece só a ela, mas é bem mais ampla, sendo capaz de beneficiar a toda sociedade, assumindo debates cruciais pra sua manutenção e existência.
O projeto foi aperfeiçoado do primeiro número para o segundo, já que ele proporcionou uma leitura mais leve e arejada de seu material sem perder o foco de interesse do público alvo. Isso nos levou a uma experiência positiva no que diz respeito ao equilíbrio e foco de uma publicação, além de alargar os limites das experiências vividas durante o curso. Experiências essas marcantes e decisivas na vida de um estudante que pretende absorver o máximo de conhecimento teórico e prático que dará o embasamento necessário em seu futuro profissional.
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Bibliografia
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COLARO, Antonio Celso. Projeto Gráfico – teoria e prática da diagramação. São Paulo: Summus, 1994.
LINS DA SILVA, Carlos Eduardo. O adiantado da hora. São Paulo, Summus, 1996.
LOPES, Dirceu Fernandes. Jornal-laboratório – do exercício escolar ao compromisso com o público leitor. São Paulo: Summus, 1992.
MARCONDES FILHO, Ciro. Jornalismo e Comunicação. São Paulo: Hacker, 2000.ROSSI, Clóvis. O que é jornalismo. São Paulo: Brasiliense, 1986.