quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O SOM DAS COMUNIDADES - 1° Parte

TEXTO E FOTOS:
Por: Fabio da Silva Barbosa
e Luiz Henrique Peixoto Caldas

Uma característica que temos observado nas comunidades visitadas por nosso projeto, é a forte veia cultural que aflora, apesar de toda dificuldade, promovendo a felicidade de seus moradores. A música é sem dúvida a forma de expressão mais marcante nesses locais. Todos os estilos têm seu espaço garantido. Do Reggae ao Rock. No final de semana sempre tem alguma coisa acontecendo para que essa gente trabalhadora possa relaxar de seu dia a dia de batalhas vencidas.




ATUALMENTE O BAILE FUNK É VIOLENCIA ZERO E DIVERSÃO GARANTIDA.


O samba e o pagode, já consagrados pelo público, têm raízes na própria história desse povo e é uma atração indispensável para os turistas que aparecem no carnaval. Inicialmente tratado com preconceito e até criminalizado, ele vem mostrando que a história se repete. Atualmente outro movimento musical que vem saindo do morro e ganhando o asfalto, o Funk Carioca, mostra os talentos que viveram por tanto tempo sem o devido valor. Assim como o samba, ele era tido como coisa de bandido, mas hoje circula por diversas classes sociais e tem se mostrado bem diferente da imagem que se fazia.

A DANÇA SENSUAL É MARCA REGISTRADA LATINA.


O Funk nasceu nos Estados Unidos, na década de 60, com o pianista Horace Silver, que misturou jazz e soul music. James Brown foi o principal nome do funk americano, imprimindo no ritmo suas principais características. O funk chegou ao Brasil na voz de Gerson King Combo, Tim Maia e Tony Tornado. Logo, surgiram as primeiras equipes de som do Rio de Janeiro, como a Furacão 2000 e a Soul Grand Prix, que organizavam os bailes na periferia da cidade. Na década de 80, o funk do Rio sofreu influências de um ritmo da Flórida, o Miami Bass, que resultou no Funk Carioca. Com batidas eletrônicas mais rápidas e características do povo que abraçava esse estilo, sempre sensual (sem confundir sensual com pornográfico é claro) e controverso, se identificando com esse novo modo de fazer música.


MOMENTO DA CHOPPADA ORKUTXMSN - BOMBOU


Depois da grande explosão, quando discos como o Funk Brasil de 1989, rodavam em diversas vitrolas pelo Rio, o ritmo ficou completamente preso a seu próprio meio. Restrito as comunidades carentes e completamente excluído da grande mídia. Em Niterói várias comunidades se destacavam com seus bailes, como o Cavalão em Icaraí. Alguns Clubes como o Pioneiros, no Vital Brasil, ainda promoviam os bailes fora das comunidades. “Antigamente tinha o clube Tamoio. Nessa época, quando entravamos no ônibus para ir a esses bailes as pessoas nos olhavam com medo. Parecia que íamos assaltar os passageiros. Hoje isso está mudando. Ainda existe muito preconceito, mas estamos percebendo a mudança nesse modo de pensar. Muitas pessoas das classes mais altas estão freqüentando nossas festas e choppadas, conhecendo melhor nossa proposta de diversão saudável. Não tem briga, nem nada disso. A coisa acontece na paz.” Relatou @lpiste DJ Funk, um dos principais nomes da nova geração do Funk Carioca.


DJ @LPISTE E MC AMILCKA FAZEM A ALEGRIA NOS OUVIDOS DA GALERA


O DJ (Disc Jóquey) é o responsável pela sonorização dos eventos, enquanto o MC (Mestre de Cerimônia), que teve sua origem no Hip Hop, canta e faz o contato com o público. Eles não precisam mais ficar apenas em seus locais de origem, já que a maioria é oriundo de comunidades carentes. Diversos clubes estão abrindo espaço para a programação e além dos bailes, várias festas e choppadas dão lugar de destaque a eles.


O ALÔ DA RAPAZIADA

“O problema é que a grande mídia não mostra esse tipo de festa, mas se morrer alguém eles aparecem na mesma hora. Acaba virando um trabalho meio de urubu. Procurando sempre pela carniça.” Reclama Marcelo Gonzáles, 27, morador de Piratininga e assíduo freqüentador de bailes e festas onde o funk impera. “O funk deixou de pertencer apenas à favela para ganhar o mundo. São Paulo já tem funkeiro, na Europa o pessoal ouve direto.” Comemora Marcelo.