quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

COMUNIDADE SÍTIO DA ALDEIA 1° PARTE


COMUNIDADE ECOLÓGICA
TEXTO & FOTOS
FABIO DA SILVA BARBOSA
LUIZ HENRIQUE PEIXOTO CALDAS
O Parque da Cidade com 270 metros de altura é a maior reserva florestal urbana de Niterói. Pode-se ter dessa altitude uma bela vista de diversos pontos da cidade. Vários esportes radicais são praticados no Parque da Cidade. Inaugurado em 1976 o mirante abriga vôos de para-pente e asa-delta que partem das duas rampas. As trilhas também são muito utilizadas pelos visitantes em passeios ecológicos, de bicicleta ou a pé. A Neotur, empresa responsável atualmente pela administração do parque, possui vários projetos para o lugar, como um teleférico que fará a ligação entre o ponto turístico e a praia de Charitas.

ESTRADA PARA CHEGAR NA COMUNIDADE SÍTIO DA ALDEIA

Tudo parece perfeito, até subirmos a Estrada Nossa Senhora de Lurdes. Em um pequeno desvio que tem chegando ao posto da guarda municipal (Inspetoria Ambiental) entramos em uma estrada de Chão que leva a comunidade Sítio da Aldeia.
Embora tendo uma história de quase 50 anos, estando lá antes mesmo do mirante, eles tem seus direitos básicos negados pela prefeitura que prefere vê-los como invasores. Não existe médico de família ou qualquer projeto social. O esgoto passa pela rua, sem nenhum tipo de tratamento existente e para chegar, os moradores, muitos idosos e crianças, têm de enfrentar uma subida de mais de 40 minutos a pé, sem contar a estrada de chão. Na verdade o problema começa na própria guarda, sem efetivo satisfatório para vigiar toda área que é responsável e completamente desequipada, não possui ao menos um veículo para fazer rondas no local.

PLACA DO POSTO DA GUARDA NA ENTRADA DA ESTRADA DE CHÃO

Tivemos oportunidade de conversar com o líder comunitário local, Eduardo Moreira de Souza ( 33 ), morador do Sítio da Aldeia há vinte e quatro anos. Eduardo está no 6° período da faculdade de fisioterapia e acredita que os argumentos usados pela Prefeitura para impedir o acesso da comunidade a recursos como luz, por exemplo, não são válidos. “A Ampla nos informou que estamos fora da área de reserva, mas a Prefeitura diz que estamos dentro. Eles alegam que se botar luz vai virar favela, mas não é do nosso interesse que isso aqui cresça. São 26 casas, algo próximo a 90 pessoas. A maioria que mora aqui é da mesma família. Uma casa não nasce assim da noite para o dia. Não chegamos ontem. Podiam cadastrar os moradores. O posto da guarda fica aqui na porta, é só controlar a entrada de material que não se constrói mais casas.O que queremos é simples. Se você ver, aqui é tudo mata fechada, os micos e os pássaros passeiam tranquilamente pelas árvores. Ninguém fica devastando o lugar. Não queremos viver na clandestinidade. Queremos participar como todo mundo”

CHEGADA NA COMUNIDADE

Antônio da Silva Moreira, considerado o grande patriarca de todos dali, foi o primeiro a chegar. Tio de Eduardo ficou encantado com o contato com a natureza e pretende nunca abandonar o lugar em que viveu praticamente meio século. Os mais jovens também tem muito carinho pelo Sítio e todos os dias reúnem-se para jogar futebol por volta das 17:00 hs. Eduardo, pelo menos uma vez por semana participa do jogo, aproveitando a oportunidade para conversar e ver como estão indo na escola. Apesar de toda a dificuldade e da distância que tem de vencer, o Líder nos conta com orgulho que todos estão indo bem nos estudos e que reconhecem sua importância para o futuro.

O ESGOTO - UM PROBLEMA COMUM A MUITAS DAS COMUNIDADES EM QUE VISITAMOS