segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Nosso TCC

Por: Fabio da SilvaBarbosa
e Luiz Henrique Peixoto Caldas
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Depois de muita luta, conseguimos, enfim, lançar em formato tablóide impresso, o Especial Comunidade Pesqueira. Esse foi o nosso TCC (trabalho de conclusão de curso). As matérias desse jornal vocês puderam acompanhar nesse blog, até com mais detalhes, já que esse é um espaço virtual e não tem limitesespaciais. Agora iremos por em exposição nosso relatório desse trabalho, que foi apresentado a banca e agraciado com nota 10. Espero que seja útil a quem se interessar. Gostaríamos de lembrar apenas que se tratade um trabalho prático, sendo o relatório um guia para analizar o jornal apresentado.
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CENTRO UNIVERSITÁRIO PLÍNIO LEITE


Trabalho de Conclusão de Curso
Comunidade Editoria



COMUNICAÇÃO SOCIAL

HABILITAÇÃO:
Jornalismo

Novembro de 2008

Alunos responsáveis – Fabio da Silva Barbosa..
Luiz Henrique P. Caldas
Professor Orientador – Marco Antonio Bonetti.


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Introdução
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Em agosto de 2007, os alunos do curso de Comunicação Social do UNIPLI lançaram um jornal mensal chamado UNITERÓI, totalmente produzido a partir do trabalho interdisciplinar de diversos professores focados no sexto período de jornalismo. Até outubro deste ano, o projeto já somou 15 edições, que tratam de diversos assuntos relacionados com a cidade, mas, desde o lançamento do veículo, os dois autores do presente Trabalho de Conclusão de Curso, enxergaram a possibilidade de aproveitar o espaço para por em prática uma idéia que vinham amadurecendo há algum tempo, de produzir um espaço voltado às comunidades carentes do município de Niterói e de lá para cá produziram 15 páginas tratando das comunidades do Preventório, Cavalão, Zulu, Beltrão, Grota, Morro do Céu, Martins Torres, Paulada, Barreira, Sítio da Aldeia, Morro da Penha, Portugal Pequeno, Morro de Charitas, Comunidade Nordestina em Niterói, Morro Boa Vista, Viradouro, Comunidade Pesqueira de Itaipu, Morro da Peça, Aldeia Imbuhy, Comunidade de Rua e uma sobre a influencia da música nas comunidades, focando o Funk como ritmo mais influente atualmente no meio.
Tratam-se de regiões carentes, caracterizadas pelo abandono e a falta de políticas públicas que causem um impacto suficientemente significativo, no sentido de trazer mudanças na vida dessa população. Apesar de toda dificuldade, essas pessoas resistem através de muito trabalho e projetos, por vezes idealizados e executados por elas mesmas. Um exemplo disso é Lúcio Flávio, o popular Mamona. Morador da comunidade Alarico de Souza, conhecida como Zulu, após um dia de trabalho duro, dá aula de futebol para as crianças da comunidade.
Os textos tratam dos problemas sociais. A falta de água, esgoto a céu aberto, falta de segurança entre outros problemas comuns às localidades carentes apareciam no decorrer do trabalho. Mas também eram feitas entrevistas com as lideranças comunitárias e moradores no sentido de fortalecer as alianças locais assim como os processos de organização social e de cobrança frente aos órgãos públicos.
O sistema de distribuição do jornal foi se ampliando e atualmente atinge perto de 30 bancas de jornal no município de Niterói, especialmente nos bairros de Icaraí, Centro e Santa Rosa. Mas a cada edição, os dois alunos colocavam à disposição das comunidades participantes da edição certo número de jornais que circulava gratuitamente por ali, para que a população local pudesse ver sua realidade e suas demandas sociais impressas no informativo, que era aguardado com grande ansiedade. O informativo também tinha grande valor como cartão de visitas, já que era através dele que muitas vezes nos apresentávamos nas comunidades que sairiam nas próximas edições.
Em novembro de 2007, houve uma reunião na Câmara Municipal para tentar estabelecer as bases de criação de um Conselho Municipal de Comunicação Comunitária em Niterói, na qual os responsáveis pela página Comunidade, convidados e apresentados pelo Coordenador do Curso de Comunicação Social da UNIPLI e Editor Chefe do jornal UNITERÓI, Marco Bonetti, fizeram uma apresentação de slides e uma entrevista ao vivo com o Presidente da Associação de Moradores da Alarico de Souza (Zulu), Ricardo Monteiro. Era mais um avanço no sentido de fortalecer o movimento Comunidade, que já deixava de se restringir à página do jornal para se tornar algo maior, um espírito de participação social, sempre contando com apoio dos produtores do presente projeto, que realizaram uma apresentação do Ministério do Baião no pátio do Centro Universitário Plínio Leite, produziram camisas com a logo Comunidade, um blog na internet, Orkut e comunidade do Orkut e a arrecadação de trezentos livros, material para estantes e mão de obra para a implantação de uma biblioteca comunitária no Zulu (ainda em fase de implantação).
Numa outra frente de atuação, os dois autores do projeto visitaram comunidades em diversas oportunidades para produzir também material videográfico que foi apresentado em reportagens incluídas no telejornal do curso de Comunicação, na UNITERÓI TV e se inscreveram em festivais de curtas (ainda aguardando respostas quanto a participação. Atualmente contam com dois vídeos finalizados ( Campeonato de Futebol Alarico de Souza 2007/2008 e GRBC Um Dia Sai) e mais seis em fase de produção ( Problemas no Boa Vista, DJ @lpiste e o Funk do Bem, O ministério do Baião, Batizado da Escola de Samba da Grota, O Lixão e o Morro do Céu e o Dossiê, que mostrará a situação geral vivida pelas comunidades da cidade)
Por fim, para efeitos do Trabalho de Conclusão de Curso, o grupo formalizou junto à coordenação do curso de Comunicação sua intenção em desenvolver um jornal exclusivo para as comunidades, em formato Tablóide de 8 páginas, que se tornou o projeto específico a ser desenvolvido neste período e que é o objeto desta apresentação, e cujas fases de desenvolvimento assim como a reflexão a respeito de sua produção serão apresentadas a seguir.
Após a realização do trabalho chegamos às conclusões apresentadas no final do presente relatório.
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Justificativa
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Após o tempo decorrido no curso optamos por realizar um projeto que perpassasse por todas as disciplinas apreendidas. Um jornal foi a melhor opção encontrada por dialogar desde a fotografia à língua portuguesa. Abrangendo os conhecimentos de imagem, diagramação, interpretação, ética, entre outros.
Como o trabalho, desenvolvido durante o curso, que mais nos manteve em conexão com a realidade da profissão de jornalista, foi o relacionado às comunidades, resolvemos continuar nesse caminho que tanto nos enriqueceu e criou a oportunidade de transpor o conhecimento acadêmico dos muros da faculdade. Um trabalho que nos levou a usufruir da prática no dia a dia de um jornalista, nos impondo as condições mais adversas possíveis e inimagináveis.
Dando-nos o conhecimento de como adquirir e manter a fonte, como se apresentar em determinados locais que muitos profissionais da área nos informaram ser impossível entrar. O próprio repórter que trabalhava na época para a Prefeitura de Niterói (não pretendemos revelar aqui, por razões éticas, seu nome ou setor em que trabalhava) nos relatou sua experiência traumática no Morro do Céu, onde temos livre acesso até os dias atuais e realizamos tanto o trabalho para o impresso, quanto em vídeo.
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Metodologia
Para o desenvolvimento da atual pesquisa, foi adotado o seguinte cronograma:
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Julho – Levantamento de dados. Visita às comunidades e realização das entrevistas.
Agosto – Organização do material.
Setembro - Reuniões para decidir formato do jornal. Aulas de Page-maker para poder diagramar o projeto.
Outubro – Formatação e diagramação do jornal (1° 2° e versão).
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Resultados da pesquisa:
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Há diversos resultados importantes em relação ao desenvolvimento do projeto de Conclusão de Curso sobre o jornal Especial Comunidade. O presente relatório apresenta os dois principais do ponto de vista dos participantes do projeto.
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1 – A questão do tema

Por que um especial sobre um único assunto para lançar um jornal?

O número zero de qualquer publicação tem como patente o caráter experimental. É quando se define o que persiste e o que muda. O público alvo do Jornal são as comunidades carentes da cidade de Niterói. Em todas essas comunidades pôde-se observar, através da experiência empírica que tivemos desde o lançamento do jornal Uniterói, o grande número de pessoas que se lançam a atividade pesqueira. Alguns por



esporte, outros por lazer e principalmente nas mais próximas do mar, como profissão. Então é um assunto bastante abrangente e de interesse de várias localidades.
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2 – a necessidade de aperfeiçoar o produto antes de seu lançamento.
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O que foi mudado da primeira versão do jornal para a segunda.
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O primeiro jornal foi formatado com corpo 9 nas matérias e com bastante informação escrita. Já no segundo foi usado o corpo 11 e deu maior destaque as fotos. A intenção da mudança foi dar maior facilidade ao público alvo, que são pessoas de comunidades carentes, que teoricamente, em sua maioria, não tem o hábito da leitura.
A vantagem obtida na mudança da primeira versão para a segunda foi o objetivo descrito acima ter sido alcançado. Realmente o jornal ficou mais leve e fácil de ler. Teoricamente o problema foi resolvido, mas como sempre a prática se contrapõe a teoria e novas questões saltam como pipoca em panela quente.
O aumento das letras ocasionou a supressão compulsiva de dados das respectivas matérias. Inclusive as entrevistas tiveram que ser editadas, retirando algumas perguntas e respostas ou algumas vezes fundindo respostas que se complementavam. Se o problema fosse apenas este estaria tudo resolvido. Afinal um jornal tablóide não possui o espaço virtual que um blog ou um site possibilita ao jornalista. Ele tem de se pretender ao essencial. Mas o já citado pragmatismo nos deu a oportunidade de observar que as pessoas não têm o hábito de ler porque normalmente as notícias impressas na mídia convencional se distanciam da realidade das comunidades carentes, mesmo quando são fatos que tem conexão direta com a vida das pessoas.
Sempre tivemos o habito de levar o Uniterói até as comunidades em que fizemos o trabalho jornalístico para a página Comunidade, que agora se apresenta em forma de jornal. Nessa atividade podíamos sempre apreciar a atenção com que os moradores locais ficavam absortos na leitura. Independente da idade alguns chegam a ler a notícia por duas vezes seguidas tecendo comentários pertinentes ao escrito cada vez que terminava uma das leituras. Essa página sempre foi escrita no padrão da primeira versão do jornal, o que demonstra na prática que não é o tipo de letra ou diagramação e sim o que está escrito e em que linguagem está escrito que importa. O que nos levou a ajustar o segundo formato a um meio termo.
Nossa linguagem é a linguagem do dia a dia e procuramos nos manter fies ao que foi coletado na pesquisa de campo, cumprindo a função de repórter, que é a de reportar o fato, sem enfeites ou edições desnecessárias a seqüência de idéias expressa pelo entrevistado e futuro leitor.
Quando o morador da comunidade se depara com a matéria, independente de ter participado da mesma, diretamente ou não, ele se vê refletido naquele espelho de tipos e tem um interesse de absorver tudo aquilo, muitas vezes até reivindicando outra página no futuro.
No Morro Boa Vista, o Presidente estava cercado de moradores em um animado bate papo quando chegamos. Aqueles moradores não estavam lá quando a matéria foi feita, mas era fácil observar a cada linha lida a expressão de felicidade e orgulho de toda a comunidade estar presente naquelas palavras.
O que é necessário é uma flexibilidade nas duras regras que oprimem o jornalista para que esse resultado seja alcançado. Essa flexibilidade foi conquistada no segundo formato, que buscou a leveza de um jornal popular sem perder as informações cruciais e de interesse da população.
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Conclusão
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Esse projeto foi essencial para o aprimoramento do exercício que vínhamos pondo em prática desde o número um do UNITERÓI. Tivemos de expandir para um exemplar o que vínhamos produzindo em apenas uma página, arcando com todas as responsabilidades de produção do jornal. Passando por todas as etapas e procedimentos que exigem uma publicação desse porte.
Podemos também destacar a relevância social do projeto por ter dado voz a um segmento da sociedade que é impelida a margem devido a sua situação financeira e social. Dando um exemplo mais direto, podemos citar a situação da comunidade pesqueira retratada no projeto, que vem perdendo espaço compulsivamente para instituições como a PETROBRAS, que desfruta de grande espaço na mídia convencional para relatar o lado positivo de seu empreendimento. Pessoas como o senhor Misael de Lima, Presidente da Associação dos Maricultores Livres de Jurujuba, não costumam ser vistos na grande imprensa dando sua versão dos fatos, mesmo sua opinião, devido a seu posto e sua experiência, sendo fundamental para se tomar qualquer medida relativa a pesca e seus dependentes diretos e indiretos.
Além disso, o projeto cria uma ligação entre a academia e a sociedade, já que ele não se limita aos assuntos acadêmicos, transbordando tais limitações e elevando pontos de interesse geral ao assunto principal da publicação. Isso demonstra que a Universidade não é apenas um círculo fechado que favorece só a ela, mas é bem mais ampla, sendo capaz de beneficiar a toda sociedade, assumindo debates cruciais pra sua manutenção e existência.
O projeto foi aperfeiçoado do primeiro número para o segundo, já que ele proporcionou uma leitura mais leve e arejada de seu material sem perder o foco de interesse do público alvo. Isso nos levou a uma experiência positiva no que diz respeito ao equilíbrio e foco de uma publicação, além de alargar os limites das experiências vividas durante o curso. Experiências essas marcantes e decisivas na vida de um estudante que pretende absorver o máximo de conhecimento teórico e prático que dará o embasamento necessário em seu futuro profissional.
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Bibliografia
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COLARO, Antonio Celso. Projeto Gráfico – teoria e prática da diagramação. São Paulo: Summus, 1994.
LINS DA SILVA, Carlos Eduardo. O adiantado da hora. São Paulo, Summus, 1996.
LOPES, Dirceu Fernandes. Jornal-laboratório – do exercício escolar ao compromisso com o público leitor. São Paulo: Summus, 1992.
MARCONDES FILHO, Ciro. Jornalismo e Comunicação. São Paulo: Hacker, 2000.ROSSI, Clóvis. O que é jornalismo. São Paulo: Brasiliense, 1986.