segunda-feira, 3 de agosto de 2009

UM POUCO DE HISTÓRIA

Por Alexandre Mendes


Introdução

Muita gente se pergunta porque o Rio de Janeiro é conhecido em seus cartões postais, belas praias e pontos turísticos. Na realidade, o que repercute com mais frequência na imprensa internacional sobre a cidade, são os morros e comunidades, vistos como impérios do crime. Essa visão poderia ser facilmente contestada, se os curiosos fossem mais a fundo nas investigações. Toda comunidade sempre tem aquele morador simpático e agradável, que te recebe sorrindo com um copinho de café na mão. Quem habita nossas comunidades? A maior parte é constituida de trabalhadores e estudantes; pessoas vivendo em condições precárias, buscando se adaptar a sociedade sob as condições que o Estado lhes oferece.

CLASSES PERIGOSAS

Falemos agora do passado. Antes de existirem os estereotipados morros do Rio, haviam os cortiços. Eram pequenas ou enormes instalações, espalhadas pelas principais ruas da cidade. Lá, habitavam algumas famílias de imigrantes europeus; ex-escravos, seus descendentes e um grande contingente de trabalhadores, identificados como "classes perigosas" ou "classes pobres". Esses termos, um tanto pejorativos, eram utilizados pelo governo da época (final do século XIX) e, se pensarmos bem, ainda existe uma herança desses termos circulando na mentalidade da sociedade em geral.

CABEÇA DE PORCO

Dentre os cortiços, o mais badalado era o Cabeça de porco, na Rua Barão de São Félix, nº154. Havia quem dissesse que o número de moradores chegou a quatro mil, em tempos áureos. No dia 26 de janeiro de 1893, se concretizou o desejo do prefeito Barata Ribeiro e empresários do ramo da construção: a demolição do Cabeça de Porco. Nesse dia, estipula-se que havia de quatrocentos a dois mil moradores no local. As pessoas foram brutalmente expulsas do cortiço e, com seus apetrechos nas costas, provavelmente passaram a noite no relento (pois a operação iniciou às seis horas da tarde). Esse episódio marca a história da urbanização carioca, como o fim dos "cortiços" e o "início" das "favelas". O prefeito Barata Ribeiro, em uma atitude contraditória a sua primeira conduta, permitiu que os moradores levassem os destroços de suas casas, para que pudessem reconstruí-las (bem longe dalí). Entretanto, há fortes indícios que grande parte das famílias expulsas subiu o morro, situado atrás do extinto cortiço, e lá se instalaram. Mais tarde, em 1897, os soldados sobreviventes do massacre de Canudos foram contemplados com pequenos lotes no dito morro. O local então passou a se chamar "Morro da Favela", atual Morro da Providência.