segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Blog: COMUNIDAE

A HISTÓRIA E PARA QUE VEIO

Por: Fabio da Silva Barbosa
Luiz Henrique Peixoto Caldas

Parece que foi ontem quando nós estávamos dentro do Luffytcar ( o carro de Luiz) dando luz ao projeto comunidade. Pensávamos, como sempre, em fazer um curta metragem de cunho social, onde pudéssemos por em prática o que estávamos aprendendo na faculdade de comunicação social do Plínio Leite (UNIPLI) em Niterói, Rio de Janeiro. Aí veio a idéia de um jornal que desse voz as pessoas que normalmente não tem um veículo específico para expor seus pensamentos, cultura e dificuldades. Um jornal impresso.
Discutíamos longamente sobre sua periodicidade e forma de distribuição. Dês de o principio a idéia era de que seria gratuito e que uma de suas diversas funções seria a troca de informações entre as comunidades. Assim uma comunidade estaria preparada para enfrentar problemas passados por outras, como no caso do chip da Ampla que fez a conta de luz aumentar no Morro do Preventório em Niterói. Quando uma pessoa que morasse no Cavalão, também em Niterói, visse a proposta do chip chegar a sua comunidade já teria os cuidados necessários para não cair na mesma armadilha.
O dinheiro foi à barreira encontrada para a produção do jornal. Aproximadamente um ano se passou com a idéia indo e vindo de nossas cabeças. Em 2007 houve nova mudança na coordenação de nosso curso. O Professor Marco Bonneti assumiu o posto com uma série de propostas inovadoras, como a criação de um jornal que circularia em bancas e fosse vendido, confeccionado pelos próprios alunos. Em uma das aulas dedicadas a criação de pautas a serem abordadas, propomos a ele que uníssemos as idéias. De imediato ele concordou. Mas tarde soubemos que sua simpatia imediata a nossa proposta era justificada. Marco já havia passado por uma experiência muito semelhante em um jornal voltado a comunidades carentes e sindicatos. Saímos radiantes. Uma de nossas idéias parecia estar de fato tendo alguma chance de acontecer.
Na Comunidade do Zulu o campeonato de futebol é motivo de união e confrternização, inclusive entre outras comunidades vizinhas como a Beltrão.

Perto da faculdade existem dois pontos de encontro tradicionais para o pessoal de comunicação Social, A Adega, onde os professores e alunos mais elitizados freqüentam (os preços são absurdos e atendimento péssimo, pelo menos no meu entender) e O bar de Seu Zé (Bar Cobreloa), onde a cerveja é gelada e o preço acessível. Enquanto se pagava dois reais por uma bolinha de bolinho de bacalhau na Adega, com o mesmo valor se podia e ainda se pode comer uma deliciosa porção de torresmo, moela, batata ou o que quiser em Seu Zé. Fomos direto ao Cobreloa, onde pessoas do underground intelectual “batem” diariamente o cartão. Lá seria um de nossos locais preferidos para nossas famosas reuniões de pauta. Comemoramos e discutimos onde começaríamos nossa empreitada.
Após confirmarmos nossa intenção inicial de começarmos pelo Preventório, onde havia boatos sobre a chegada do Pac (Projeto de Aceleração do Crescimento), colhemos informações sobre o lugar. Descobrimos os nomes dos líderes comunitários e onde ficava a Associação de Moradores e fomos fazer nosso primeiro contato. Para resumir, o primeiro contato virou entrevista e levantamento de todo tipo de material para a reportagem. Daí por diante foi só seguir em frente e sem descanso, passando a diante exatamente o que as pessoas queriam dizer, independente de nossa opinião. Fazer o que deve ser feito e pronto. Reporter reporta.
Fachada da Associação de Moradores do Cavalão

Depois do Preventório veio o Cavalão em Icaraí, quando conquistamos uma página inteira do jornal. Agora podíamos ter o prazer de abrir a página 4 do Uniterói e ter a certeza de que o fruto do nosso trabalho estaria lá. Além do Coordenador do curso, o Professor Eduardo Varela (responsável pela diagramação do jornal) e Marco Aurélio (responsável pelas matérias relacionadas à fotografia no curso de Comunicação) sempre nos ajudaram e deram total liberdade a nossas experiências.Tudo estava correndo as mil maravilhas. As comunidades nos recebiam com uma presteza e atenção incríveis e davam um valor inacreditável ao nosso trabalho.
O vice- presidente do Cavalão (Geraldo) nos convidou para a reunião da Liga das Escolas de Samba e Blocos Carnavalescos de Niterói, onde fizemos vários contatos, entre eles com Mauro, Presidente recém eleito, na época, da Associação de moradores da Grota em São Francisco.
O n° 3 do jornal saiu sobre duas comunidades vizinhas, o Zulu (Alarico de Souza) e Beltrão, ambas de Santa Rosa. Conseguimos nossa primeira chamada de capa. No n° 4 atendemos ao pedido escrito de próprio punho de Mauro e fomos a Grota. Aí nossa Chamada de capa veio com foto e começamos a participar das reuniões do Conselho de Comunicação Comunitária que está se formando em Niterói.
Liga das Escolas de Samba e Blocos Carnavalescos de Niterói conhecendo a página da comunidade

Aconteceu o 1° Seminário de Comunicação Comunitária de Niterói na Câmara Municipal. Pudemos contar com a presença de praticamente todos os representantes das associações que tínhamos ido visitar até então. Eduardo Faria, nosso amigo Dudu, da EdralCréd, financiou nossas primeiras camisas, usadas por nós e nossos convidados.
Pouco antes do seminário expressamos nosso desejo antigo de produzir um documentário e nosso coordenador nos encaminhou ao professor Paraná (responsável pela Unipli TV) que também aprovou nossa idéia. Registramos o batizado da Escola de samba da Grota realizado pela Beija Flor de Nilópolis. Com esse material, produzimos com a ajuda de Giza Gomes, um vídeo de aproximadamente 3 minutos para ser apresentado no seminário, que por falta de tempo acabou por não ser exibido. Havíamos programado muita coisa para 15 minutos. A apresentação contava com slides, uma entrevista ao vivo com o presidente do Zulu, Ricardo, e o vídeo da Grota. Fazer o que? Se tudo for perfeito vira conto de fadas. Aí é coisa que não existe.
Na seqüência fizemos nossa comunidade no Orkut e o profile, visando dar maior visão as informações e manter contatos, além de mostrar as fotos e matérias que não saíam no jornal por falta de espaço. Não sendo suficiente lançamos mais tarde nosso Blog, onde diariamente expomos notícias e informações em geral. Devido ao maior espaço dado pelo Blog pudemos abranger assuntos mais diversos, como a Comunidade Vegetariana e os contatos que diversas pessoas fazem conosco, como nosso amigo Azul. É claro que nosso foco principal continua sendo as comunidades carentes.
Associação de Moradores do Morro do Céu

O n° 5 reportava o morro do Céu e o 6° (o ultimo) as comunidades que fazem parte da Amanta (Associação de Moradores e Amigos da Martins Torres e Adjacências).
Embora o jornal seja vendido, nos é liberado uma parte para a distribuição dentro das comunidades, mantendo nossa idéia inicial. Atualmente além da página fixa no Uniterói, o Profile e Comunidade do Orkut e o Blog diário, continuamos a fazer as filmagens que pretendemos transformar em um programa fixo na Unipli Tv e futuramente em nosso primeiro documentário. Ainda estamos participando do processo de criação do Conselho de Comunicação Comunitária e estruturando uma idéia de produzir um jornal em cada comunidade feito pelos próprios moradores. Esse jornal poderá ser como o Uniterói, virtual ou impresso, dependendo sempre dos recursos disponíveis. O presidente do Zulu, Ricardo, já se mostrou interessado pela proposta e estamos em via de dar aulas para passar fundamentos básicos de jornalismo e produção, para que possam fazer seu veículo de forma independente. Isso tornará possível não só os benefícios já citados, como também, quem sabe, o surgimento de futuros profissionais na área de comunicação.
Com certeza esse ano será de muitas realizações. Caso esteja interessado em participar mande seu contato para nosso e-mail: comunidadeeditoria@yahoo.com.br ou para nosso Orkut. Estamos esperando. Sua participação é fundamental nesse processo de democratização da informação. Só unidos conseguiremos mudar essa situação. Afinal, como dizia o mestre Raul: “Sonho que se sonha só é sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade.”

Como todas as coisas boas da vida a matéria do Bairro de Fátima surgiu inesperamente a nossa frente.