domingo, 31 de maio de 2009

COMUNIDADE DO EUCALIPTO

POR FABIO DA SILVA BARBOSA
E LUIZ HENRIQUE PEIXTO CALDAS
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Jacó conhecendo o UNITERÓI

A comunidade do Eucalipto vem buscando formas diferenciadas de organização na tentativa de sanar suas dificuldades. Enquanto a maioria das comunidades busca nas tradicionais associações, onde um Presidente fica a frente das decisões e conta com um número limitado de colaboradores, um representante que solucione suas demandas, no Eucalipto a aposta é na união de todos os moradores em busca de soluções participativas. Aldeci Freitas, 47, mora ha mais de 20 anos no lugar. Aldeci, conhecido por todos como Nica, explicou o seguinte:
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Moradores reclamam da dificuldade de acesso na comunidade
"Não estamos preocupados em ter uma associação com um presidente, mas em reunir todos os moradores que tiverem interesse em melhorar o lugar onde vivem. Tudo que temos aqui foi feito na base do mutirão. Das escadas aos encanamentos".
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O saneamento foi eleito como o pior problema local

Apesar dos esforços dos cerca de mil moradores que vivem nessa parte do Fonseca, fica difícil suprir todas as necessidades. O saneamento é um dos problemas mais citados. A dificuldade financeira impossibilita a criação de um sistema de esgoto adequado e em muitos pontos podem-se observar resíduos de esgoto pelos caminhos. A parte que se localiza atrás do DETRAN passou por mudanças positivas. Nica disse que antigamente aquilo parecia um pântano. "Mas o DETRAN resolveu o problema do esgoto que havia nesse pedacinho que pega os fundos. Também era interesse deles. Aquilo podia até desmoronar do jeito que estava."
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Aldeci Nica nos recebeu muito bem e apresentou o lugar

As escadas construídas pelos moradores estão precisando de reparos e existem locais correndo riscos de desabamento. Nica afirma que o problema é a baixa renda da população, não a falta de vontade, e que muitas vezes o morador tem de escolher entre comprar comida e fazer obra. Para ele a escolha beira ao obvio. Em dias de chuva os pontos mais críticos ficam praticamente inacessíveis, causando grande transtorno aos que precisam entrar e sair do local.
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Canos e ruas danificadas

O lixo que ficava espalhado pelas ruas foi reduzido após a construção de um pequeno depósito na entrada da comunidade, na rua Desembargador Lima Castro. "Fizemos essa obra e colocamos um portão para os animais não rasgarem os sacos. A coleta passa regularmente por aqui e leva tudo." Outra obra promovida por Nica e seus companheiros foi à caixa de correio que fica próxima a lixeira. Ele disse que tem pensado em fazer uma com divisórias. Um compartimento para cada casa.
A Policlínica Regional R. Guilherme March, assiste a saúde da comunidade satisfatoriamente segundo Nica. Para ele sempre tem quem reclame, mas a quantidade de pessoas atendidas pelo serviço é grande, já que se responsabiliza por toda a área do Fonseca, e que normalmente todos saem com o atendimento concluído. A quadra poliesportiva construída atrás dela serve como ponto de encontro e local de lazer para a comunidade. Uma bomba abastece todo o lugar e a cisterna construída em sistema de mutirão guarda água suficiente para todos. O responsável por ligar a bomba é o morador Jaíro.
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As escadas estão em péssimo estado

"Nosso maior problema aqui é o saneamento e a pavi-mentação, que apesar dos esforços, não conseguimos resolver. O resto conseguimos quebrar o galho" Comenta Nica, enquanto mostra orgulhoso a cisterna e a bomba d’água.
Outra Felicidade para ele foi o corrimão improvisado com o alambrado do antigo campo, onde foi montada a quadra. "Eu mesmo inventei isso"


sexta-feira, 29 de maio de 2009

MUDANÇAS NO FÓRUM

FÓRUM ESTADUAL INTERSETORIAL VOZ AOS POVOS: QUILOMBOLAS, ASSENTADOS E ACAMPADOS RURAIS, INDÍGENAS E PESCADORES ARTESANAIS
CONVIDA
II REUNIÃO REGIONAL – Região Metropolitana I e II
DATA: 08 de Junho de 2009
HORÁRIO: 09h00min às 17h00min
LOCAL: Jurujuba Iate Clube Av Carlos Ermelindo Marins, s/n, Niterói, RJ/ Tel. 27148875
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O FÓRUM VOZ AOS POVOS tem como objetivo promover a visibilidade, valorização e reconhecimento dessas populações e promover o acesso as políticas públicas.
Contato:Secretaria Executiva do Fórum Voz aos Povos:
Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos- Subsecretaria de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos
End. Praça Cristiano Ottoni s/nº Ed. D. Pedro II - 6º andar. Centro – Rio de Janeiro, RJ - CEP. 202221-250Tel/ Fax. (21) 23345500
Email dh@social.rj.gov.br
Site: www.social.rj.gov.br
forumintersetorial.vosdospovos@gmail.com

EVENTO


quinta-feira, 28 de maio de 2009

COMUNICADO DO CENTRO DE CULTURA SOCIAL

Comunicado:

O Centro de Cultura Social torna público o uso abusivo e covarde de seu nome com a finalidade exclusiva de promover a intriga. Solicita que seja expressamente desconsiderado todo e qualquer conteúdo que venha a ser veiculado em seu nome através do e-mail grupodeestudosccs@gmail.com e declara que responde tão somente pelos comunicados e informes provenientes única e exclusivamente dos seguintes endereços eletrônicos: ccssp@ccssp.org ou ccssp@uol.com.br.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

II Encontro do Fórum Estadual Intersetorial “Voz aos Povos Quilombolas, Assentados e Acampados Rurais, Indígenas e Pescadores Artesanais”


CESAC:

''Um galo sozinho não tece uma manhã:

ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe esse grito que ele e o lance a outro; de um outro galo que apanhe o grito de um galo antes e o lance a outro; e de outros galos que com muitos outros galos se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, para que a manhã, desde uma teia tênue, se vá tecendo, entre todos os galos. ''

(João Cabral de Melo Neto)


O II Encontro do Fórum Estadual Intersetorial “Voz aos Povos Quilombolas, Assentados e Acampados Rurais, Indígenas e Pescadores Artesanais” será no dia 08 de junho de 2009, a partir das 10 horas, na Igreja Bola de Neve, ao lado do Sambaqui Duna Grande, do lado esquerdo da Praça de Itaipu, em Itaipu, articulando gestores públicos e comunidades, buscando atender as necessidades de acesso a políticas públicas, criação de mecanismos e estratégias capazes de “dar voz” a essas populações.

Fonte :Assessoria de Imprensa - CESAC


DE UMA COMUNIDADE CHAMADA ROCINHA, SURGE O FILHOS DA NAÇÃO

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http://www.youtube.com/watch?v=eB2XnPZ126c


http://www.youtube.com/watch?v=vDB4yVDN5zk


http://www.youtube.com/watch?v=Sll30ON9ug0


http://www.youtube.com/watch?v=RDtzK457W-A

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terça-feira, 26 de maio de 2009

JANTAR BENEFICIENTE

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Todos são bem-vindos ao Jantar Vegano Beneficente para os animais da ong SOS Felinos. Convide seus familiares e amigos e venha comemorar com a comunidade de vegetarianos e protetores dos animais do Rio de Janeiro!
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data: 06/06/09

hora: 18:00

onde: Rua Dezenove de Fevereiro, 120, Rio de Janeiro - RJ

segunda-feira, 25 de maio de 2009

BIBLIOTECA COMUNITÁRIA


O PONTO DE LEITURA Biblioteca Comunitária Prof. Waldir de Souza Lima procura estar sempre antenado com as principais tendências e movimentos culturais da atualidade mas sem desprezar os clássicos que são fontes de inspiração e prazer para todos os artistas e amantes da leitura. Mais que um mero “depósito de livros”, o espaço caminha no sentido da democratização da informação e da cultura, refletindo a diversidade cultural brasileira.Visite a Biblioteca Comunitária "Prof. Waldir de Souza Lima".Rua Floriano Peixoto, 238 - Centro - Itu/SP.CEP: 13.300-005Aberta aos Sábados das 9hs as 18hs."Uma Nação se constrói com Pessoas e Livros!"Cel : 55 (11) 7163-3756 (Vivo)Cel : 55 (11) 8445-6122 (Tim)

sábado, 23 de maio de 2009

EVENTO:


CULTURA

CENTRO POPULAR prof. João Batista de Andrade Cultura, Política e Cidadania -CEPO JB Convidamos a todos(as) para o lançamento do Centro popular prof. João Batista de Andrade, a ser realizado na Praça da Reitoria (esquina da R. Miguel de Frias com Praia de Icaraí - Niterói), no dia 07 de Junho de 2009, a partir das 11h30m.Esta iniciativa pretende contribuir para a Animação Cultural, Formação Política e Conquista da Cidadania Plena, através de Oficinas Vivas, Debates e Atividades Sociais e Políticas, que serão realizadas em diversas localidades do município, de forma a levar à população atividades, sabores e saberes, que possam contribuir para a elevação do nível de conciência e convivência da população, em torno e em prol de seus interesses.Esta é uma iniciativa autônoma e independente, autogestada de forma participativa e sem quaisquer vínculo político-institucionais, aberta a todos aqueles que queiram contribuir e participar pela melhoria de nossa sociedade.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

UNITERÓI, UM DE NOSSOS PRIMEIROS ESPAÇOS







NOTAS DAS COMUNIDADES

FSB&LHPC

- A comunidade do Viçoso Jardim está em festa. A pesar de toda luta e dificuldade para vencer os desafios do dia a dia, a comunidade arranja fôlego para festas. Em vários pontos da localidade o ritmo é animado durante o final de semana. Vale a pena conferir.

- O Campeonato de futebol do Zulu acabou sua edição 2008/2009 com uma bela final entre Teixeirinha (Souza Soares) e Big Dog (Martins Torres). A vitória foi do Big Dog. No próximo domingo começa o campeonato dos veteranos.

- Na comunidade do Cubango a festa de Dia das Mães começou com um belo café da manhã. O evento aconteceu dentro da própria comunidade e demonstra mais um feito dessa associação.

- A Banda Filhos da Nação, da Rocinha, já está em seu segundo CD. Contatos, pelo orkut da banda. É só procurar por Filhos da Nação e deixar seu recado

quinta-feira, 21 de maio de 2009

ATENÇÃO - IMPORTANTE

Viemos através deste, convidar a todos os amigos que nos acompanharam ao longo desses anos de luta, a fazer parte deste momento. O Comunidade Editoria está em uma daquelas horas do ou vai ou racha. O jornal anunciado ontem no blog e no orkut dos mais chegados é só o início.
Depois de passar por inúmeras dificuldades, sobreviver a alguns atentados, como o que quase apagou nosso blog (Chegamos a perder alguns dias de postagens que são irrecuperáveis) e que baniu o Inverso da internet (coisa de algum adimirador? hahahahaha), de quase parar as atividades, de ter algumas derrotas e algumas vitórias, vamos para os pênaltis. Para ganhar essa partida é necessário apenas a ajuda dos maiores interessados em um canal que dê voz ao povo prosperando. Ou seja, você. Você que mora em comunidade, que ganha salário mínimo e que abre mão de viver para poder sobreviver. Ou mesmo você, que tem uma situação financeira mais confortável, mas que sabe distinguir o certo do errado e está afim de que todos tenham a mesma chance. Entre em contato pelo nosso e-mail e saiba como participar.
comunidadeeditoria@yahoo.com.br

EM TEMPO: LAMENTAMOS PELA TRILHA SONORA DO MATERIAL DE DIVULGAÇÃO, MAS ESTA ENTROU POR ACIDENTE E SÓ FOI PERCEBIDA MAIS TARDE.
OUTRA COISA: O 1° A QUE APARECE NA PRIMEIRA LEGENDA DA 1° FOTO DE VERIA SER HÁ, POR ESTAR DEMONSTRANDO QUE HÁ TANTO TEMPO... SABE COMO É.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Cubango põe a mão na massa apostando em um mundo melhor.


Fotos e texto: Fabio da Silva Barbosa
e Luiz Henrique peixoto caldas


João Luiz, 40, é o Presidente da Associação de Moradores do Cubango há seis meses e chegou com vontade de trabalhar. Montou uma sala de computadores de forma completamente independente e agora, com a ajuda de seu irmão e assessor, Júlio César, 38, está ampliando a sede da associação e construindo um salão para festas e aulas diversas. Segundo ele, o que a comunidade mais necessita no momento é de eventos culturais.
João resolveu se envolver diretamente na associação por insistência de amigos e do irmão. "O pessoal sempre dizia para entrar. Diziam que eu ia melhorar o lugar e tal. Viam que eu era interessado no bem da comunidade"

Cristiane Pacheco
Cristiane Pacheco é colaboradora da associação e Presidente da ONG "Estrela do amanhã". Mesmo sendo um projeto antigo de Cristiane, a ONG só foi inaugurada no último mês de Abril. A organização é muito importante para a associação por ter interesses em comum. O objetivo principal de ambas as partes é a geração de cursos e atividades que desenvolvam tanto o corpo quanto a mente. Focando a saúde e o desenvol-vimento intelectual.
Crianças utilizando os computadores da associação

A associação dará ênfase ao esporte e a educação. "A cultura estará sempre em foco. Estamos lutando para começar as aulas de judô, futebol, reforço escolar... Queríamos também um Telecentro com uma pessoa capacitada para ensinar as crianças." Explica Cristiane.
Ela falou que existem vários voluntários de dentro e de fora da comunidade se oferecendo para ajudar, mas que ainda falta finalizar a estrutura necessária para receber tais atividades convenientemente.

Ao chegarmos encontramos Júlio cezar e o Presidente dando duro no salão.
Ao nos despedirmos o Presidente disse animado que esperava que alguém visse a matéria e resolvesse ajudá-los a construir seus sonhos.
A sede da associação fica atrás do posto de saúde na própria comunidade

ENTREVISTA COM O PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO



COMUNIDADE: Por que você resolveu ser o presidente da associação?

Presidente: A comunidade estava muito largada. Meu irmão me apoiou nessa idéia. Foi um dos que mais me incentivou.

COMUNIDADE: Esse espaço que você e seu irmão estão trabalhando era o que?

Presidente: Nada. Era um espaço vazio em baixo da associação. Resolvemos prepará-lo para poder receber nossas idéias. Idéias de fazer um salão para a comunidade que não tem espaço para suas atividades. Espaço de cultura onde possam fazer cursos e aulas de reforço.

COMUNIDADE: E a sala dos computadores? Deu o resultado esperado?

Presidente: Claro. Temos quatro PCs onde as pessoas podem fazer consultas e os programas operacionais padrões que elas podem utilizar. Mas nossa vontade é um Telecentro. Apareceu até um candidato aí que prometeu batalhar pelo Tele-centro, mas até agora não deu notícia.



Fala Júlio Cesar



COMUNIDADE: Qual o objetivo desses projetos?


Júlio: Nosso objetivo principal é tirar as crianças e adolescentes das ruas. Trazer para uma atividade construtiva. Dentro da própria comunidade. Temos interesse em melhorar o lugar onde moramos. Acreditamos que tudo pode ser melhor.


COMUNIDADE: E quando vocês pretendem começar?


Júlio: A mão de obra é minha e do meu irmão. Precisamos é de fazer parcerias para viabilizar as atividades. Já temos os professores. O de Judô é de São Gonçalo, mas já se disponibilizou a vir. Só que para ele vir precisamos do tatame. São dessas coisas que precisamos. Os computadores por exemplo, já estão funcionando, só que ainda não está do jeito.


COMUNIDADE: E a água, luz...


Júlio: Nessa parte estamos bem. Estamos precisando de apoio para as atividades culturais.

sábado, 16 de maio de 2009

MELHOR DO QUE NINGUÉM

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A PARTI DE 15/05/2009
ESTAREMOS CADASTRANDO BANDAS PARA A 2ª Edição DO EVENTO
Melhor Do Que Ninguém
EDIÇÃO LIMITADA: Contato: 9895-2363 Falar com Henrique.
Realização e Produção:
TV Tagarela & Toca do Rato
(VER PENÚLTIMA POSTAGEM (CENAS DO EVENTO))
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quinta-feira, 14 de maio de 2009

VÍDEOS

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GALERA DO HIP HOP DE SP
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A BANDA FILHOS DA NAÇÃO MANDOU PARA NOSSO ORKUT.
MUITO LEGAL ESSE MOVIMENTO DA GALERA DA ROCINHA.
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terça-feira, 12 de maio de 2009

COMUNIDADE INDÍGENA EM CONTATO

Segue abaixo o documento final, elaborado no VI Acampamento Indígena Terra Livre, ocorrido em Brasíla, entre os dias 4 a 8 de maio de 2009.
Divulguem, debatam.

DOCUMENTO FINAL DO VI ACAMPAMENTO TERRA LIVRE

Nós, lideranças de 130 povos indígenas diferentes, reunidos em mais de mil, em Brasília-DF, no nosso VI Acampamento Terra Livre, de 4 a 8 de maio de 2009, com o objetivo de consolidar propostas para um novo Estatuto que por fim regulamente os nossos direitos assegurados pela Constituição Federal, e ainda para tomarmos conhecimento da situação dos direitos dos nossos povos nas distintas regiões do país, no intuito de construirmos perspectivas comuns para a defesa desses direitos, aos distintos poderes do Estado Brasileiro e à opinião pública, nacional e internacional, manifestamos.

Ao Poder Executivo

1.É lamentável a demora que caracterizou a gestão do Governo Lula em criar as condições que possibilitassem tornar realidade as proposições construídas com a nossa participação e materializadas no seu Programa de Governo para os Povos Indígenas, desde 2002, que dentre outras demandas apontava a criação do “Conselho Superior de Política Indigenista” e a demarcação de todas as Terras Indígenas. Passados seis anos e meio, o saldo devedor é grande, e o governo tem o desafio de cumprir, em um ano e meio, esses compromissos, da mesma forma com que tem atendido as reivindicações de outros segmentos sociais, como no caso da bancada ruralista no Congresso Nacional. Contudo, atendendo as nossas reivindicações, reconhecemos os esforços que possibilitaram a criação da Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI), em cujo âmbito conseguimos negociar os termos do Projeto de Lei que cria o Conselho Nacional de Política Indigenista e o processo de construção de um Novo Estatuto, coerente com os nossos interesses e aspirações, e que há mais de 14 anos aguarda ser votado pelo Congresso Nacional.

2. Acreditamos e reivindicamos que, por coerência e na perspectiva de compensar os seus atrasos, o Governo Lula se empenhe de fato, através de sua base de sustentação no Congresso Nacional, na tramitação e aprovação do Novo Estatuto dos Povos Indígenas, para que passe à história como o Governo que rompeu com o indigenismo tutelar, autoritoritário e integracionista que norteou a Lei 6.001, de 1973, o atual “Estatuto do Índio”.

3. Enquanto isso reivindicamos do Governo Lula o cumprimento do mandato constitucional de demarcar todas as Terras Indígenas do Brasil, mas de forma urgentíssima dos nossos irmãos Guarani Kaiowá, em Mato Grosso do Sul, submetidos há décadas a um processo vil e criminoso de marginalização, etnocídio e genocídio, nas mãos de latifundiários e distintos entes do Estado brasileiro, seja por ação ou omissão. Nossos povos jamais aceitarão permanecer expulsos de seus territórios tradicionais nem ser confinados a terras diminutas. Daí que exigimos, além da demarcação, a desintrusão de terras indígenas como Marawaitzedé, do Povo Xavante em Mato Grosso, e a terra do Povo Pataxó Hã-Ha-Hãe, no sul da Bahia.

4. Reivindicamos do Governo Lula que não ceda às pressões e à voracidade de setores e representantes do coronelismo, agronegócio e remanescentes da ditadura, que em nome do desenvolvimento, e até da democracia e do povo brasileiro, declaram publicamente, de forma aberta ou camuflada, que somos uma ameaça para o país, seu desenvolvimento e unidade política e territorial, visando no entanto, a usurpação e destruição dos nossos territórios e dos recursos naturais, hídricos e da biodiversidade existentes neles, para por fim, conseguir a nossa total integração à dita comunhão nacional, senão, a nossa extinção enquanto povos étnica e culturalmente diferentes. Como dissera o nosso líder Davi Kopenawa Yanomami, a Natureza vale mais que o dinheiro, e não admitiremos que seja arrancada de nós a nossa Mãe Terra e tudo o que nela até hoje, milenarmente, preservamos, com o qual continuamos contribuindo para o equilíbrio global, a mitigação das mudanças climáticas e, por tanto, ao bem-estar da humanidade.

5. Por isso somos contra a decisão do Governo de implantar a qualquer custo grandes projetos que poderão impactar as nossas terras e a nossa sobrevivência física e cultural, sem sequer se preocupar em nos consultar, conforme garante a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que hoje é Lei no país. Repudiamos a flexibilização da legislação ambiental e as artimanhas que possibilitam a liberação de licenciamentos e a conseqüente execução de obras como Pequenas Centrais Hidrelétricas e de projetos como a Transposição do Rio São Francisco.

6. Na área da saúde, em situação crítica e de calamidade para os nossos povos, tendo em conta o não cumprimento das resoluções e deliberações da 4ª. Conferência Nacional de Saúde Indígena, realizada em março de 2006, ratificadas pela 13ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em novembro de 2007, reivindicamos do Governo Federal:

* encaminhar imediatamente através de Decreto Presidencial a Autonomia Administrativa, Financeira e Política dos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI`s), no prazo de 90 dias;

* garantir a criação de uma conta especial-Fundo Distrital de Saúde Indígena, para os 34 Distritos, para o financiamento da atenção à Saúde Indígena;

garantir que o Saneamento Básico em áreas indígenas sejam transferido e vinculado aos Distritos Sanitários ou que seja criado no âmbito dos Distritos o departamento de saneamento básico indígena;
criar em caráter emergencial e garantir o funcionamento efetivo de um Grupo de Trabalho (GT) composto por representantes do Acampamento Terra Livre, da bancada indígena na Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI), do Governo, do Ministério Público Federal (MPF), do Conselho Nacional de Saúde (CNS), do Fórum de Presidentes de Conselhos Distritais e da Coordenação Interinstitucional de Saúde Indígena (CISI), para realizar os seminários macro regionais nas 05 regiões do país, visando a construção e implantação da proposta da Secretaria Especial de Saúde Indígena”.
que o Governo Federal encaminhe ao Congresso Nacional requerimento, solicitando a retirada do item 05 (saúde indígena) do Projeto de Lei No. 3.598/2008.
Implantar de imediato a portaria GM-MS, No. 1235/08, que cria GT para definir o quadro de pessoal necessário para executar as ações de saúde indígena, para cumprir o Termo de Conciliação Judicial.

Ao poder Judiciário

1. Mesmo com os avanços consagrados na Constituição Federal de 1988, que reconheceu o caráter multiétnico e pluricultural do Estado Brasileiro, pondo fim ás políticas homogeneizantes e integracionistas, para garantir o nosso direito à diferença, e ainda apesar de importantes decisões como a garantia, pelo Supremo Tribunal Federal, de que as nossas terras sejam demarcadas em forma contínua, nos preocupa gravemente a permanência de compreensões limitadas sobre a aplicação das normas constitucionais, processuais e de proteção e promoção dos direitos dos nossos povos.

2. Repudiamos a tentativa de nos silenciar a respeito do direito de nos manifestarmos sobre quaisquer medidas jurídicas ou administrativas que possam afetar as nossas terras, a nossa integridade sociocultural e o destino das nossas gerações futuras. A determinação da Suprema Corte nas condicionantes de números 5 e 7, segundo as quais, respectivamente, “o usufruto dos índios não se sobrepõe ao interesse da Política de Defesa Nacional” e “não impede a instalação de equipamentos públicos”, liberando portanto, a implantação “independentemente de consulta a comunidades indígenas envolvidas”, poderá ressuscitar condutas e práticas autoritárias, colonialistas, etnocidas, genocidas e ecocidas. Não abriremos mão de opinar sobre o destino dos nossos povos.

3. Entendemos que a demarcação das terras indígenas,será conforme o texto constitucional, que reconhece o nosso direito originário às nossas terras tradicionais, considerando caso a caso, e respeitando plenamente a nossa diversidade étnica e cultural. Ao invés de vedar o nosso direito territorial, tal qual determina a condicionante 17 do STF, o judiciário tem que se preocupar em garantir o estado de direito, julgando e punindo os invasores que destroem a Mãe Natureza, desmatam e degradam os nossos territórios e contaminam os nossos rios, perseguem e assassinam os nossos líderes e comunidades.

4. Está na hora de o Judiciário, levar à prática o fim do preconceito e da discriminação contra os nossos povos, seguindo a perspectiva de respeito e valorização da riqueza da diversidade étnica e cultural do nosso país, destacada de forma justa pelo Ministro Carlos Brito, ao relatar o caso da Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

Ao Legislativo

Sabemos que o Legislativo brasileiro é dominado por setores, que ao invés de regulamentar os nossos direitos, reconhecidos há 20 anos pela Constituição Federal, tem se articulado com o propósito de restringir nossos direitos.

Lembramos, no entanto, que a dívida do Estado Brasileiro para com os nossos povos é impagável, que o mínimo que exigimos é que nos seja garantido a posse e o usufruto exclusivo das nossas terras, o pouco que nos sobrou, e nos deixem viver, neste país, que já foi todo nosso, conforme os nossos usos e costumes. Somos, sim, brasileiros, mas com direitos específicos e diferenciados.

Dessa forma, reivindicamos ao poder legislativo que inviabilize a tramitação e aprovação de quaisquer iniciativas que afrontem e pretendam reverter os nossos direitos assegurados pela Constituição Federal de 88. Pedimos, outrossim, empenho na aprovação do Projeto de Lei que cria o Conselho Nacional de Política Indigenista (CNPI) e do novo Estatuto dos Povos Indígenas, conforme os nossos interesses e aspirações, evitando dessa forma a retaliação de todas as questões que dizem respeito aos nossos povos.

Ao povo brasileiro

Chamamos a todos os segmentos da sociedade civil brasileira a somar conosco nesta luta pelo respeito pleno aos nossos direitos, como parte da total democratização do nosso país, do qual nos orgulhamos de fazer parte, mas que lamentavelmente ainda nos discrimina e marginaliza, sob a pressão e o domínio de uns poucos, que só almejam os seus lucros e bem-estar, ignorando a nossa contribuição fundamental à preservação da Natureza, em benefício do equilíbrio global e do bem-estar de todos os brasileiros e da humanidade.

Aos nossos povos, reafirmamos a nossa determinação de avançar na nossa organização e luta, para garantir a vigência dos nossos direitos, hoje, e para o bem das nossas gerações futuras.


Brasília, 07 de maio de 2009.