sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Aldeia imbuhy

POR: FABIO DA SILVA BARBOSA
E LUIZ HENRIQUE PEIXOTO CALDAS

Para os desavisados pareciam cenas da época da ditadura militar. Pessoas e organizações diversas em vários pontos de Niterói, durante todo mês de janeiro, organizando protestos direcionados aos abusos cometidos por militares contra moradores centenários de uma tradicional comunidade pesqueira da Cidade. A Aldeia Imbuhy, que já vem a muito perdendo espaço para o Exército Brasileiro e tendo seu direito de ir e vir completamente cerceado pelos mesmos, está mais perto que nunca de perder o único local que conheceram como casa durante toda a vida.
Nos eventos podiam ser encontrados estudantes, jornalistas, escritores, movimentos anarquistas, os habitantes da aldeia indígena de Camboinhas, entre outros. O índio Orutau, da etnia Guajajara, disse que estão sofrendo uma pressão muito forte por parte do ministério público e da Prefeitura, o que fez com que tivessem uma empatia imediata com o sofrimento da aldeia de pescadores que está sendo pressionada pelo Forte e não recebe nenhum apoio dos órgãos competentes. “O Imbuhy também nos apóia em Camboinhas. Estamos retribuindo e nos fortalecendo com esta união. Somos duas comunidades tradicionais da cidade. Eles são uma comunidade tradicional pesqueira e nós uma comunidade indígena que faz parte da história da cidade.” Concluiu Orutau. Além das dificuldades em comum o mesmo advogado luta por ambas as causas. Arão da Providência Araújo Filho, é de origem indígena e acredita que essas comunidades deveriam ser olhadas com maior respeito.

O índio Orutau


A CCOB (Conselho Comunitário da Orla da Baía) também vem dando forte apoio a ambas as lutas e diz que o maior inimigo a ser vencido é o interesse econômico e imobiliário. Várias pessoas que passavam pelas manifestações davam seu apoio e se espantavam por não serem informadas de tais acontecimentos pela mídia convencional. Clara Maria, 78, ficou chocada. “Não sei o que me espanta mais. Se é o exército se preocupando com esas famílias de bem enquanto a Amazônia é saqueada por estrangeiros, se é a omissão dos meios de comunicação e do governo federal, ou se são as pessoas que passam direto por uma manifestação como esta sem se interessar em saber o que está acontecendo em nossa cidade.”
As 32 famílias que ainda resistem na Aldeia Imbuhy são cada vez mais pressionadas. Segundo moradores até ameaça armada já receberam e muitos de seus parentes são impedidos de visita-los, pois o exército controla com mão de ferro quem entra e sai das moradias alegando que aquela é uma área de segurança nacional, mas os moradores dizem que estão ali antes do forte e que a primeira bandeira da república foi bordada por uma moradora local.