domingo, 15 de março de 2009

FABIO E A VISITA AO NOBRE AMIGO ALEXANDRE MENDES


POR: FABIO DA SILVA BARBOSA

Chegando ao Rio do Ouro

Caminhando pela Estrada Velha de Maricá, em Rio do Ouro, nos encontramos com Alexandre Mendes, 31, Chargista, cartunista, morador da comunidade Bela Vista e o responsável pela apresentação do local, já que tanto Mercadinho das famílias, quanto Bela Vista, não possuem presidente de Associação.
Estudante de história e idealizador de um projeto que visa produzir vídeos documentários sobre o levantamento histórico de comunidades carentes, Alexandre nos contou um pouco sobre a história da estrada: “Na década de 70 essa estrada foi ampliada e aterrada. Podemos observar que as casas do lado direito da pista no sentido São Gonçalo são abaixo do nível da rua. Esse é o princípio da urbanização do bairro do Rio do Ouro.”
Ao passarmos em frente a Associação Niteroiense de Deficientes Físicos (ANDEF) Alexandre elogiou o projeto e disse que além de atender aos deficientes ele é aberto aos moradores do Rio do Ouro e comunidades vizinhas.

ALEXANDRE SUBINDO A LADEIRA


Entrando na comunidade Mercadinho das Famílias

Em determinado ponto da estrada, entramos em um pequeno desvio que dá para as ruas Manoel Furtado e Ernesto Mendonça, que dão acesso a comunidade Mercadinho das Famílias. O acesso pertencente à cidade de Niterói mostra logo suas necessidades. Alexandre da ênfase a falta de asfalto e comemora quando passamos por um caminhão de lixo. “Isso é muito raro, mas hoje eles estão fazendo o trabalho de coleta de lixo”.
Em alguns lugares foram feitos serviços de pavimentação, que Alexandre contou ter sido executado com o próprio esforço da comunidade. A questão dos políticos que aparecem em época de eleição e somem passado tal período, escutada em outras comunidades, também foi ouvida. O campinho está em situação precária, deixando os moradores sem uma área de lazer que pudessem desfrutar. A sede da associação também está em completo abandono.
Durante a caminhada atravessamos o limite da cidade de São Gonçalo. A situação é muito parecida em ambas as partes. Mais alguns passos dentro do município vizinho chegamos a comunidade Bela Vista, onde o contraste da precariedade das ruas e moradias se faz de forma gritante com a riqueza natural em volta, que dá um ar de paz e tranqüilidade.

ALEXANDRE RELATA AS PRINCIPAIS DIFICULDADES E CARENCIAS DA COMUNIDADE

Chegando a Bela Vista

Ao chegarmos na comunidade onde mora, Alexandre anuncia com seu sarcasmo característico: “Agora acaba o chão de cimento e começa a trilogia do terror. Com: Barro, esgoto acéu aberto e nada de água encanada.”
Como havia chovido há pouco tempo, pudemos constatar a situação caótica das ruas da comunidade. Os moradores improvisaram uma canaleta para escoar as águas da chuva. “Essas ruas são mal projetadas por terem sido feitas pelos próprios moradores e suas enchadas.” Explica nosso guia. Embora a situação da falta de saneamento já ter sido vista em diversas comunidades, é sempre espantoso ver o esgoto das casas sendo lançados em valas pelas ruas, onde as pessoas passam tendo um inevitável contato com os dejetos.
Chegando a sua casa Alexandre nos apresentou a seus filhos e nos acomodou em seu quarto que serve como biblioteca, academia e local de descanso. Lá pudemos ter uma rápida conversa sobre a realidade dessas comunidades.

DA JANELA DO QUARTO PUDEMOS REALMENTE TER CONTATO COM UMA BELA VISTA. O LUGAR É UM VERDADEIROSANTUÁRIO


Bate papo com Alexandre Mendes

Comunidade: Porque as pessoas vivem de forma tão precária nas comunidades?

ALEXANDRE: Quem manda é a classe empresarial. Eles detem a tecnologia para destruir tudo que é alegria para os trabalhadores e a população. Eles só pensam em si mesmo.

Comunidade: E o que os impede de dividir para melhorar o padrão de vida da população?

ALEXANDRE: São egocêntricos. Exploram a humanidade.

Comunidade: Eles nos controlam?

ALEXANDRE: Vigiam-nos a todo o momento. Não a nada que forneça alegria e pensamento as pessoas. Tudo é alienante. Esse é o sistema capitalista.

Nisso chega Davi.

Bate papo com Davi

Davi é um dos filhos de Alexandre. Com 9 anos ele já demonstra ter puxado o pensamento crítico do pai.

Comunidade: Seu pai estava falando sobre as mazelas do capitalismo. O que você pensa sobre isso?

DAVI: Eu acho o sistema capitalista ruim.

Comunidade: Por quê?

DAVI: Porque o rico sempre vem na frente e o pobre sempre fica atrás. Sempre lá embaixo. Eles descriminam o pobre e o negro.

Comunidade: E por que acontece isso?

DAVI: Porque o rico não quer que o pobre seja rico. Quer que ele fique sempre a margem da sociedade. Não dão chance para as pessoas aprenderem.

Alexandre solta uma sonora gargalhada. “Estou criando um monstro. O terror para os direitistas

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