domingo, 20 de abril de 2008

Entrevista com o Presidente da Associação de Moradores do Morro de Charitas

Por: Fabio da Silva Barbosa
& Luiz Henrique Peixoto Caldas


Comunidade: Por que você está largando o cargo?

Sérgio Luiz: Meu tempo acabou. O Presidente só pode ficar quatro anos na associação e o mandato acaba agora em Março. Está acontecendo nova eleição para definir quem vai ocupar o cargo.

Comunidade: Como você avalia sua gestão?

Sérgio Luiz: Sou nascido e criado aqui. Conheço todo mundo. O problema é que são poucas pessoas a colaborar com a organização da comunidade. Tudo que acontece às pessoas vem me procurar. É dentadura, briga de casais, vizinhos... Como Presidente o indivíduo tem de aturar certas coisas, já como morador é diferente. Acho que o pessoal ta vendo muita novela. Só pode ser.

Comunidade: Existe algum tipo de ajuda de custo oferecida para a associação?

Sérgio Luiz: Não. Já ouvi falar de alguns lugares que tem, mas aqui não chega nada. Eu pago para resolver os problemas. Se gasta dinheiro com passagem, xérox... isso sai é do meu bolso. E ainda tem algumas pessoas que malham. Dizem que Presidente de associação é ladrão.

Comunidade: E as necessidades básicas do lugar? Estão sendo atendidas?

Sérgio Luiz: Não temos Gari Comunitário. A escadaria de acesso é varrida pelos próprios moradores. Estamos correndo atrás para conseguir trazer nosso módulo do médico de família que está no Preventório para cá e uma creche também. Charitas é um lugar muito bonito, mas hoje vocês vão conhecer o submundo.
Comunidade: E com sua saída como vai ficar o futebol?

Sérgio Luiz: Estou deixando a presidência, mas no projeto ninguém mexe. Vou continuar trabalhando com as crianças e organizando a pelada dos adultos na praia. O futebol infantil é algo com que trabalho a cerca de 40 anos e já atende a mais de 70 crianças. Isso vale também para o bloco em que já estou na presidência há três anos. São coisas distintas. Continuarei a frente delas.

Comunidade: E o time veterano?

Sérgio Luiz: Durou mais de 30 anos. Agora já morreram quase todos. A faixa etária era acima de 45 anos. Do time veterano só sobrou uns quatro. Eu, meu irmão e mais uns dois coroas. Hoje eu jogo com a garotada na pelada. Com meu filho Leleco e os amigos.

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